O problema da dor é que ela não passa. Toda a gente diz que
a dor passa com o tempo, mas é mentira. Nunca passa. Nunca pára. Nunca muda.
Continua sempre. Podemos passar a maioria do nosso tempo a tentar escondê-la, a
tentar ser felizes, mas sabes que mais? Dor é sempre dor, não importa o que
mude. Ela aparece quando menos se espera, como se estivesse guardada numa
pequena caixa e sempre que nos aproximamos demasiado ela simplesmente rebenta.
E nada pode ser feito, nada pode ser mudado. Ninguém te pode oferecer um novo
coração. Ninguém pode mudar o passado. Ninguém pode fazer a dor desaparecer
para sempre. Ninguém a pode matar. Não por ela ser rápida ou forte demais, mas
porque é simplesmente indestrutível. Porque causa marca, abre ferida. Porque
ataca sempre o mesmo lugar, mesmo que ele já não seja tão pobre e indefeso.
Dor. Apenas dor. Uma palavra tão pequena que causa estragos tão grandes, que
marca tanto uma pessoa. E não se nota quando estamos com alguém. É quando
estamos sozinhos que temos de nos preocupar com ela. É aí que temos de lidar
com ela olhos nos olhos, e no entanto saber que ela vai sempre estar um patamar
acima na escada, façamos nós o que façamos. E ela não mata, mas tortura.
Destrói momentaneamente cada pedaço de felicidade algum dia alcançado, arrasa
boas recordações que levamos no coração. E quando volta traz tudo com ela:
lágrimas que ficaram por chorar, palavras que ficaram por dizer, costas que
ficaram por voltar. E faz um peso, um peso enorme, que leva muitas pessoas a
tomar decisões estúpidas e impensadas, irracionais e loucas, que no seu estado
normal não tomariam. Não é nenhuma doença, não é nenhum furacão mental. É
apenas dor. E apenas nesta frase nunca significa apenas, porque nada é pequeno
nela, nada diminui, nada fica mais fácil quando sabemos que ela está lá. Nós
apenas a colocamos numa bolha e a ignoramos, e não queremos encará-la no dia em
que a bolha explode, temendo esse dia como se se tratasse da nossa chegada ao
inferno. A dor é o nosso inferno na Terra, é o necessário para que as coisas
boas aconteçam depois. E as coisas boas não fazem com que a dor desapareça, mas
vão ajudando na formação da bolha, tornando-a menos frágil, mais resistente,
mais duradoura. As coisas boas fazem-nos pensar que somos menos miseráveis, que
somos mais humanos, mais felizes, mais honrados, superiores ao que um dia
fomos. Mas o que um dia fomos continua cá escondido, esperando um dia saltar
para fora. Cabe-nos a nós escolher esse dia, e formar a nossa bolha. Talvez
esse dia não esteja tão próximo ainda. Talvez tudo vá durar. Talvez o brilho do sol seja mais intenso amanhã ao acordar. Talvez tudo pareça menos complicado, menos real, mais sonho e menos preocupante. Talvez. Mas apenas talvez não chega, quando as probabilidades estão sempre contra nós. Nada é certo, tudo pode acontecer. Tudo se transforma, tudo se vê em ângulos diferentes em situações diferentes. Por mim apenas sei que amanhã vou acordar no mesmo lugar, e nem prevejo o que poderei pensar a seguir, porque tudo muda quando fechamos os olhos, quando pausamos o respirar.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Acabei por entender que, nas tuas leves fragilidades,
escondias o que eu procurava. Não te conhecia, e tu não me conhecias. Era passado e futuro, combinado com presente. E eu queria saber quem eras, no entanto, tal coisa era difícil de obter. Não que eu
não pudesse, não que eu não quisesse, mas porque era complicado em si mesmo. E
saberias o que eu queria? O que eu desejava? Desejava passear, caminhar, ver as
estrelas. E era tão difícil não poder, ter de controlar tudo, naquela ânsia de
poder só minha, que tanto abalava os meus sonhos e me fez desistir de tanto, e de
aproveitar tão pouco. E ainda tento não olhar para trás durante o dia, para que a luz
não me leve onde não quero mais ir. Prefiro a escuridão da noite que me traz a
calma e ao mesmo tempo te traz para mim. Sei os passos que não devia ter dado e
dei, sei o que devia ter mudado e não mudei, onde eu devia ter corrigido essas
imperfeições pequenas mas tão grandes e que deixavam marcas gravadas na alma.
Foi difícil ir embora e não olhar para trás, deixar aquela pessoa que eu via no
espelho tantas vezes todas as manhãs e despedir-me dela foi a coisa mais
difícil que algum dia fiz. E valeu a pena. Se eu não tivesse deixado aquela
pessoa naquela manhã, o sofrimento seria ainda maior. E a pessoa que eu deixei
tinha tanto amor dentro dela que talvez não suportasse a desilusão que eu
acabei por trazer a mim mesma, antes de toda a felicidade que veio acrescida
dessa decisão tão complicada de entender pelo meu espírito tão habituado ao
sofrimento e ao passar horas tristes com ele mesmo sem parar de pensar no
antes, no depois e em todas as consequências de todos os actos irreflectidos e
impensados que ocorreram depois daquela manhã. Sei que a pessoa que lá estava
não me teria apoiado nas minhas maiores decisões, decisões essas que levaram a
um novo e gentil amanhecer. A pessoa que lá estava era tão agarrada ao passado
que nem poderia pensar no frio que estava por vir a seguir. Estava tão cega que
nem conseguiria pensar no sol que derreteria esse gelo. Era eu,
independentemente de tudo. Lembro-me tanto daquela manhã porque ela me olhava
como se eu fosse a maior criminosa de todas por lhe ter arrancado aquela luz
idiota que brilhava dentro dela, mas isso era o mínimo que eu poderia fazer
para a salvar. E tenho a certeza que se ela me vir hoje, que me irá agradecer.
Porque naquele espelho ela não está mais sozinha. Ela tem uma das suas maiores
amigas de hoje em dia, alguém que ela conserva dentro de si mesma, no lugar
onde aquela luz tão grande residia, e decerto que amanhã mais um pedaço de vida
se juntará a ela, e juntos farão um pedaço de passado para lembrar alguém de um
presente que não foi vivido mas foi sonhado. E penso que até voltou a fazer
algo que se tinha esquecido de fazer por muito tempo… ela começou a sorrir. Não
pelo ontem, nem pelo amanhã, mas pelo hoje que tinha sido tão delicadamente
trazido por alguém não sonhado mas sentido,e que um dia voltaria a nascer.
E tenho a certeza que mais cedo ou mais tarde o medo dessa pessoa tão esperada vai passar, assim como tanta coisa por ela passou antes de mudar e de se deixar tantas vezes a ela mesma, entregue a sentimentos confusos e tantas vezes opostos, antes de enveredar pela loucura crescente que tanto luzia no seu coração. Vai sobreviver como sempre sobreviveu, levantar-se como sempre se levantou. E vai ser ela mesma, dentro de si mesma, e cada vez que olhar naquele espelho.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
wι∂є αwαкє
Então, abri os olhos. Abri os olhos e depois de tantas horas
a pensar inconscientemente, a acordar de um sono pouco profundo de tempos em
tempos, senti-me exausta. Drenada. Como se a minha alma se tivesse esvaziado
durante aquele tempo de descanso tão impuro. Como se toda a minha dor tivesse
aumentado numa concentração aquosa de todas as lágrimas que podia ter chorado e
não chorei. E os segundos vão passando enquanto eu repetia o que já era tão
hábito fazer diariamente. E dessa vez não pude evitar pensar. Não pude evitar
cair naquela mágoa tão grande que tanto alcançava o meu coração, enquanto eu
desejava fugir de mim mesma e não ter ouvido aquelas palavras que passaram a
barreira imposta à minha alma e tocaram o meu espírito de maneira tão cruel e
fria. Toda a minha paciência e concentração foram abaladas pela vibração
daqueles sentimentos tão antigos que eu já nem reconhecia como sendo meus.
Então caí, como um anjo de asas brancas e puras a quem foi tirado o coração,
anjo esse que criou um ódio tão grande por si mesmo e para com o mundo que as
suas asas se tornaram negras como o ébano. E entendi então que nada em mim
estava pronto para sentir. Nada em mim estava pronto para estar exposto à mágoa
e ao sofrimento. Nada em mim estava pronto para amar. E portanto ali estava eu,
junto àquela porta gigante que servia de passagem para o mundo pertencente ao
meu coração, sem sentir, desprecavida. E tinha tentado tanto passar pela porta
que estava marcada de todas as tentativas vãs de conseguir o meu coração de
volta. O que eu era, perdi. O que eu senti, não sinto mais. Fui abandonada à
sorte de um pensamento contínuo e insaciável, de uma alma impura e inquieta que
não me deixava viver a não ser na sombra, pois todo o meu ser fugia da luz. E
cada vez mais me sentia arrastada para um mundo que não era o meu. Sentia
pedaços de mim serem roubados e estilhaçados, contra uma parede invisível que
eu quase passara a temer. Eu era a escuridão, não a luz. Eu era, e sou, a dor.
O sofrimento, as lágrimas reprimidas e a falta de sentimentos de culpa. E essa
sou eu, independentemente do que faça ou diga. Sou um conjunto de pedaços de
nada, que se revolta de quando em vez para perder pequenos pedaços e pequenas
qualidades adquiridas. Sou como uma águia que voa alto, mas como um boomerang
que volta sempre ao mesmo lugar de onde outrora partiu. Eu sou, meu bem, o
início e o fim. Sou uma poça de dor e cansaço. Sou uma mentira vivida, uma
canção inventada. Sou a pessoa que acorda e não sente. Sou a pessoa que deseja
tanto mas mente. Sou a perdição do sol, a escuridão tentada. Sou um pedaço
vazio de tudo o que havia e se perdeu, até não sobrar nada.
E finalmente, meu amor, sou aquela que tens de deixar a cada
amanhã. Sou aquela que tudo estilhaçará, independentemente do que sinta,
independentemente do que faça. Sou um destino vazio, um ponto de vista mais
além, preso a uma eterna fuga da luminosidade do dia. E é por isso que tenho de
partir. É por isso que não posso ficar. É por isso, que para não ser uma
desilusão tão grande, tenho de dizer adeus, esquecendo todos os meus egoísmos e
vontades, e abraçando a escuridão onde tantas vezes encontrei a paz. Porque no
final de contas, apenas preciso de um sítio escuro e quente, onde possa sempre
voltar.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
¢нυνα
Chove. Chove cada vez mais fortemente. E eu sento-me aqui sozinha ouvindo a chuva. Não a posso sentir, apenas ouvir e desejar que ela parasse. E está frio, frio como o gelo que por tanto tempo cobriu o meu coração . Frio esse onde eu queria voltar. Porque ao menos no frio eu tinha paz, e no frio eu me consolava.E quase tenho saudade de não dormir, de não pensar, apenas viver e estar lá cada dia de manhã como se nada se passasse. A minha sanidade dependia disso, eu dependia disso, e talvez seja isso que me falte. Aquela pura inconsciência que me levava a todo o lado, ao mais pequeno infinito, e depois me embalava de volta á realidade, aliviando toda a minha angústia, apagando todos os meus erros, dando asas ao demónio que eu mantinha aprisionado dentro de mim e fazendo-o ganhar novas dimensões enquanto a minha consciência era transformada em algo maleável e de existência suportável. Transformando-me num ser minimamente aceitável para mim mesma. Não obstante da dor que me inundava, conseguia ter a frieza suficiente para levantar a cabeça bem erguida e não me desmoronar. Porque eu podia não dormir, podia estar completamente quebrada, mas ainda tinha o meu orgulho. Ainda tinha a minha posição, a minha tentativa de me erguer no meio do caminho que estava cheio de pedras e buracos. Era o meu manual de sobrevivência, criava anti-corpos para uma doença chamada amor, e vivia então presa em mim mesma mas tão livre como uma águia, sentindo tudo tão longe e tão perto, tudo tão alheio a mim, aproveitando a névoa que tão gentilmente toldava a minha mente. E isso consertava um mundo outrora quebrado, e fazia desse mundo um local de resistência, de consolo e sobrevivência mas principalmente de força.
Porque agora a chuva cai, e é impossível de parar.
Porque agora a chuva cai, e é impossível de parar.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
qυєяι∂α ρєѕѕσα qυє єυ ταητσ αмανα (18/09)
Ontem acordei e lembrei-me de ti. Como sempre, não estavas lá, mas houve algo, e eu não sei qual é o poder desse algo, que atraiu o meu pensamento para ti. E, como sempre, olhei para o tecto e controlei tudo de novo. Porque ao pensar em ti nada pode ser descontrolado. Não podem cair lágrimas, não pode haver sentimento. Não pode haver tu, não pode haver nós , e nada pode fugir. Tem de haver aquela frieza calculista em que cada percentagem de sentimento é destinada a determinada coisa e a partir daí é apenas gelo. Não há mais nada, mais nada a dizer , fazer ou sentir. Sinto falta do calor, admito, mas o frio é confortável agora, estando exactamente no mesmo lugar em que comecei. O sentimento é semelhante a outrora, no entanto desta vez estou mais consciente de certas palavras como "mentira" e "engano".
O dia de hoje começou brilhante, com um pôr-do-sol quente, mas depressa foi escurecendo até não sobrar mais nada que nuvens cinzentas no céu. O peso da consciência foi algo mortal. Torturou cada pedaço da minha mente, colocando o meu coração, já de si abalado, num beco sem saída e negro como breu. A vida parou por momentos, deixando-me apenas com os meus remorsos do meu comportamento tão errante, das promessas feitas que talvez não se possam vir a quebrar. De frases perfeitas perdidas com o tempo, como um dia eu me perdi em pensamentos de ti. Quando os dias são negros, sinto falta disso. Do sol, do calor, da liberdade de todas aquelas pressões do dia-a- dia. Agora tudo é diferente, as coisas têm pouco valor. Até os meus sentimentos têm pouco valor. Foram encobertos, roubados, mortos e agora recentemente enterrados. A dor adormecida é mais incapacitante que a dormência com que cobri o meu mundo. Quando não durmo sinto aquela parte pensante adormecida, não há filtro pela qual a tua ausência passe. A dormência é tudo. Tornaste-me no que sou agora. A falta de vergonha, de sentimentos, de medo. Por vezes sinto culpa, a minha tão grande culpa, a alegria pura indo embora lentamente, deixando o frio no lugar das emoções, dando uma paz cada vez mais completa.
E a paz da dormência toca o meu peito enquanto vivo, e toca a minha mente enquanto caminho. A paz conduz o gelo ao sítio certo, impedindo-me de cair enquanto me coloco naquela ponta do precipício onde fui tão condenadamente levada.
E a paz da dormência toca o meu peito enquanto vivo, e toca a minha mente enquanto caminho. A paz conduz o gelo ao sítio certo, impedindo-me de cair enquanto me coloco naquela ponta do precipício onde fui tão condenadamente levada.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
ραℓανяαѕ, ραℓανяαѕ...
Querida pessoa que eu tanto
amava…
Espero que estejas bem. Que
um dia sejas feliz, que tenhas sempre amigos e que ninguém te odeie. Eu não te
odeio. Também não te amo. Tenho um vazio no lugar do meu sentimento por ti.
Talvez seja bom, talvez mau , não sei. Espero que um dia me dês as respostas
que procuro, que eu saiba o que causou o fim. Espero também que nesse dia eu
esteja igualmente bem, feliz e que tu vejas que superei a tua ausência. A tua
ausência doeu, magoou, mas não dói mais. Quando alguém diz o teu nome eu apenas
penso na pessoa que conheci, não em ti hoje. E esse pensamento dura cerca de 2
segundos, até ao momento em que eu me rio e lembro-me que sou tão mais feliz
agora. Se eu tivesse de dizer que não sinto completamente a tua falta, estaria
a mentir. Sinto. Ás vezes, quando estou prestes a adormecer, em dias
cansativos, penso no mesmo em que pensava há uns meses, mas depressa me lembro
que me tornei uma sobrevivente graças ao que aconteceu e que só tenho de
continuar a lutar e a sorrir. Derramei lágrimas por ti. Sei que não vales
nenhuma delas. Podias ter tido tudo, podíamos ter tudo, ambos acabámos sozinhos
e sem nada. Não me importo que haja a próxima para ti. Ao contrário do que
sempre pensei, não terei pena por mim, mas pena dela. Tenho medo que lhe faças
o mesmo.
Espero que um dia entendas
que faria tudo por ti, por nós, mas que agora faço tudo por mim. Quero que
saibas que esperei por muito tempo que um dia aparecesses à minha porta e eu
pudesse ir a correr ter contigo, abraçar-te e ter aquela sensação de nunca te
querer largar. E esperei por perder esse sentimento, e vou perdendo pelo
caminho. Já me pareceu ver-te na rua… sei que congelei, e que se fosse hoje
provavelmente viraria costas e sorriria. Não quero que sintas a minha falta,
nem que voltes. Porque fizesses o que fizesses eu ia ter sempre ter estes 54
dias na minha cabeça…
Ao perder-te, perdemos tu e
eu. Eu, porque eras o que eu mais amava, e tu porque eu era a pessoa que mais
te amava. Mas, de entre nós dois, quem mais perde és tu, porque eu posso amar
alguém mais do que te amei a ti, mas tenho certeza que mais ninguém te amará
como eu amei. Não há ninguém que vá chorar por ti tanto como eu chorei. E
acredita, não chorei de fraqueza porque não sou fraca. Chorei de saudade,
saudade daquilo que julgava termos. Não acabou por falta de saberes o que sou,
pelo contrário, mostrei o meu mundo inteiro, e pensava também conhecer o teu,
mas enganei-me. Não me arrependo de te ter conhecido, o tempo passado contigo
foi uma lição. Aprendi que nem sempre se pode confiar em “amo-te” e que nunca
se brinca com o mesmo brinquedo a infância inteira. És passado, nada mais que
passado. E hoje de manhã acordei e sorri. E sabia que hoje ia ser um dia bom. E
foi um dia excelente, mesmo sem te ver, mesmo sem saber de ti .
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
ℓ-ι-f-є
Nascemos. Vivemos. Morremos.
É assim que funciona. E na
parte de viver temos a dor. Ela nunca desaparece. Nunca diminui. Simplesmente
esquecemo-nos dela ás vezes. Tentamos transformar o mundo para que não doa
tanto, e sabes… Ela ainda aumenta mais. Não podemos viver sem dor assim como não
podemos viver sem amor. Considero isto um equilíbrio no mundo, como o bem e o
mal, a luz e a escuridão. Tudo tem o seu preço, tudo tem o seu oposto. Tudo
muda, tudo avança, nada pára. E sabes aquela pessoa que se agarra sempre ao
passado? Acaba por perder muito… portanto cuida dela. Se um dia sentires falta
de alguém, diz-lhe. Não fiques à espera que o tempo passe. Talvez essas
palavras façam realmente diferença. Nunca percas a esperança. Continua a
acreditar, mesmo que tudo esteja contra ti. Nunca deixes de sonhar, cantar alto
e dançar quando ninguém vê. Não deixes de sorrir, amar, desejar, porque tudo
isso é viver. Comparado com o que podes ter, a dor é apenas um pequeno preço a
pagar. Um dia vai acabar por chegar aquela pessoa que vai valer cada lágrima
que choraste, todas as vezes que te desmoronaste e que te partiste em pedaços
enquanto soluçavas sozinha. E essa pessoa nunca te vai deixar ir, porque vai
compreender o que significas. Vai apoiar o teu coração, conquistar o teu mundo,
e fazer-te feliz. Mas talvez… talvez não seja para sempre.
O mundo gira
depressa, por isso não nos devemos agarrar… Devemos deixar-nos ir,
descontrolar-nos quando o devermos fazer. Devemos ser livres como pássaros e
voar.
Stay Strong*
terça-feira, 24 de julho de 2012
ηãσ τє cσηнєçσ...
Não te conheço.
Apenas sei o teu nome, assim como tu sabes o meu.
Nenhum de nós se conhece.
Nunca senti o calor do teu abraço ou o teu cheiro. Nunca te
vi, nunca te toquei. Nunca me viste, não sabes o som da minha voz nem a cor
exacta dos meus olhos.
O mais incrível é a maneira estúpida em como eu ainda olho
para todo o lado à tua espera. À tua procura. Porque incrivelmente ainda tenho
esperança. Esperança essa que diminui de dia para dia, até , num certo momento
nesta cronologia, já nada restar.
Nunca me viste sorrir, nunca te vi caminhar.
Estou ciente da tua existência, da tua presença muda que
partilhas comigo por breves momentos na tua mente. Então finges que nada muda.
E eu finjo que para mim tudo é igual.
Ambos construímos uma vida baseada em sonhos vazios. Em
escombros do passado, teus e meus. E ás vezes penso em nós, sabes? Vejo-nos
sentados no meu sofá, a rir. Vejo-nos juntos a passear. Vejo-te antes de fechar
os olhos quando adormeço. Por breves segundos, gosto de fingir que lá estás a
abraçar-me. Impede que eu me sinta tão só, tão vazia, no único momento que
tenho só para mim. No entanto, sei que não é real… Sei que somos existências
separadas, na ilusão de um para sempre que nunca chegará. O mundo não nos
conhece aos dois e não somos donos de nada. Estamos separados por montes,
vales, estrelas e casas. Quilómetros, milhas, metros, horas de viagem.
Não me conheces. Eu não te conheço.
E talvez nunca venhamos a conhecer-nos.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
∂αγѕ
Há dias em que simplesmente não consigo sorrir. Os dias de chuva não têm de ser tristes, mas dias de gelo no coração não são dos melhores. Há dias em que não choro, porque as lágrimas valem demais para assuntos que o vento leva e que rodopiam em seu redor. Há dias em que sinto que o meu coração não bate, e que tudo vai ser pior do que aquilo que já é. E no fim dos meus dias, olho para trás e vejo o que já foi. Vejo-te, vejo o mundo. Vejo como o mundo é teu e tu dele, e a maneira como as coisas flutuam em redor desse mundo que tudo constrói e tudo destrói. E a vida, essa, passa lentamente, e tão rapidamente por vezes que num piscar tudo muda. E pensamos nas escolhas, nas mudanças, nas tentações que ultrapassámos. Nas lágrimas que chorámos, sorrisos que sorrimos, abraços que demos, canções que cantámos...
A vida é feita de olhar para o passado e aprender com ele, e ás vezes até mesmo esquecer tudo e construir um novo futuro, não com quem um dia amamos mas com quem na verdade nos faz bem. O passado e o presente vão um dia fazer o futuro, e temos de admitir a nós mesmos que se não os tivéssemos não poderíamos ser felizes um dia. Lembro-me do amor que senti por ti. Lembro-me de como o mundo passou por nós, de como a vida nos separou de modo tão inteligente, e de maneira tão dura. Não vou esconder que sinto falta do que um dia houve em mim, nem vou esconder que apanhei as memórias todas e as gravei no meu peito, como uma lição, como força para o futuro...
A vida é feita de olhar para o passado e aprender com ele, e ás vezes até mesmo esquecer tudo e construir um novo futuro, não com quem um dia amamos mas com quem na verdade nos faz bem. O passado e o presente vão um dia fazer o futuro, e temos de admitir a nós mesmos que se não os tivéssemos não poderíamos ser felizes um dia. Lembro-me do amor que senti por ti. Lembro-me de como o mundo passou por nós, de como a vida nos separou de modo tão inteligente, e de maneira tão dura. Não vou esconder que sinto falta do que um dia houve em mim, nem vou esconder que apanhei as memórias todas e as gravei no meu peito, como uma lição, como força para o futuro...
I have died everyday waiting for you
Darling don't be afraid I have loved you
For a thousand years
I'll love you for a thousand more
And all along I believed I would find you
Time has brought your heart to me
I have loved you for a thousand years
I love you for a thousand more
α ∂яσgα ιιι - α яєαвιℓιταçãσ ∂α gυєяяєιяα (αвя. )
Minha droga, neste último mês desapeguei-me de ti enquanto
vício. Relembrei-te dentro da minha alma como uma lição a aprender. Quanto mais
negasse o que eras, mais desejo sentiria pelas injecções diárias e frias que me
proporcionavas. Depois de tantos meses a sentir-te percorrer o meu corpo, soube
que estava na altura de arranjar um novo vício. Bem, não totalmente um vício,
mas algo que me sustentasse sem ti. E esse algo sustentou-me. Poupou a minha
alma ao desgosto de não te ter. Cobriu a ferida enorme que deixaste no meu
peito e que agora se refez. Foi como o arco-íris depois de um furacão. Tu sim,
foste o furacão da minha vida, o que mais me abalou e confundiu os sentimentos
neste coração já tão partido e merecedor de dó. E o quanto eu amava sentir-te correr
pelas minhas veias, mudou. Percebi que viveria sem ti, sem a minha dependência.
Percebi que também tu, minha droga doce, viverias sem a minha dependência de
ti. E aos poucos fui-te deixando na gaveta, na seringa que tu tanto amas, na
qual aprisionas todo o teu poder, e vida e saudade. Nada voltará a ser como foi
antes de ti. Como poderia? Falo no passado mas nada garante que a nossa
separação seja eterna. Foste tu que ao longo de meses de sofrimento me
conseguiste ainda assim levar para longe da escuridão. Porque eu achava que não
eras a escuridão. Eras o bem e o mal numa só figura. E tantas vezes chorei por
ti, pelo vício, por sentir o teu cheiro no ar e a tua presença por perto? Quantas vezes, minha droga, evitei estar perto do mundo apenas porque coexistias
no mesmo corpo que eu? Voei contigo presa na minha alma, cedi ao vício doentio
que me fazia querer que corresses pelas minhas veias. Fui fraca chorei. Mas por
chorar também fui forte, quando não podia mais com a minha ligação a ti e
tentava despedaçar contra a parede dura e fria.
E agora acabou… E sabe tão bem respirar de novo. E sabe tão
bem viver, cantar, sorrir, sentir a vida em mim, a vida livre, sem ti, sem a
tua presença, e sentir que o meu coração poderia bater mesmo sem ti. Acredita,
eu só precisava de uma oportunidade para deixar… Tive, deixei. E agora vivo,
não para sempre, mas por um longo período sem ti, para melhorar o que deixaste
partido, para curar as cicatrizes das nossas feridas, e aprender a ser eu de
novo.
sábado, 21 de julho de 2012
ρяσcυяσ-τє...
Neste momento coisas de que eu tanto gostava estavam a
tornar-se um peso. Uma obrigação. O vazio ficava em lugar da importância que
outrora todas aquelas coisas tinham tido para mim. As coisas mudam, as pessoas
mudam. Estamos sentados numa cadeira e o tempo faz com que à nossa volta tudo
mude. As memórias, essas, ficam guardadas em pedaços selados da minha mente.
Partes essas onde um dia eu te guardei, onde secretamente te visitava todas as
noites antes do sono profundo tomar conta de mim. E ainda agora eu te via na
minha mente, lembrando-me de pequenas lições e de grandes feitos num pequeno
coração. No meio de tanta coisa que esqueci no passado, vieram à mente
conversas à chuva, desabafos escondidos e murmurados ao vento. Lembrei de como
a caneta deslizava pelo papel, querendo ocupar sempre mais e mais espaço, entre
pensamentos confusos de uma mente abalada pelas memórias. Agora escrevi tudo
num papel e talvez o enterre. Talvez, tal como fiz com aquele papel perfumado,
encerre um capítulo. Tanta coisa mudou em segundos. A importância do mundo era
relativa comparada a sentir os teus lábios movimentarem-se contra os meus, algo
que eu jamais sentirei… Algo que deixei de acreditar ser possível. Não devido a
sentimentos vazios, porque o nosso copo não era meio vazio, era meio cheio.
Éramos nós meu amor, e as nossas lembranças. E veio uma onda do mar e lavou a
minha alma, ficando apenas a realidade dos nossos actos onde o carinho um dia
teve lugar. Onde a mente se organizava a si mesma… Onde o que ontem foi e hoje
já não é. Talvez ninguém entenda o que sinto, mas eu queria saber se me
entendes, se me ouves, se me queres, e se ao fim de tudo, dentro de ti, ainda
me procuras.
segunda-feira, 25 de junho de 2012
σѕ нσмєηѕ, νєяηιzєѕ, ѕαℓτσѕ αℓτσѕ є ∂σяєѕ ησѕ ρéѕ. α ѕιησηiмια
Ontem, estava eu numa demanda por um verniz cor-de-rosa,
quando notei, no meio de tanto verniz, que os vernizes e os homens têm
semelhanças incríveis!
Bem, talvez eu pusesse de parte a secagem rápida, mas sim.
Em primeiro lugar, ambos têm muitas utilizações. Ambos nos
irritam profundamente quando estão gastos e já não há mais nenhum, porque eram
edição limitada.
Ficam bem nas nossas mãos, e alguns até nos pés. Também “saem
fora dos eixos” e borram a pintura toda. O que não é NADA boa ideia.
Tal como o verniz, os homens são postos na prateleira. Há de
diversos tamanhos , marcas e feitios. E quando temos um, há sempre um sujeito
ou uma sujeita que pergunta onde arranjámos.
Há quem não goste, há quem adore, há quem goste de vários. Há
quem só queira um, e quem tenha dezenas deles, e não goste de nenhum. E sim,
isto é válido tanto para os homens como para o verniz.
Há aqueles que precisam de segunda camada, os que brilham no
escuro, os com brilhantes, os endurecedores, e os edição limitada. E, tal como
os vernizes de edição limitada, a partir do momento em que eles existem, temos
de palmilhar muito para obter determinada coisa. Enfim, é a vida!
Quanto aos sapatos de salto alto... Deixam as raparigas bonitas, o que me faz ter a certeza que uma mulher amada, é uma mulher bonita. Isto relaciona-se porque os homens (decentes) dão-nos segurança. Tal como os saltos altos de plataforma.
Depois há aqueles que são confortáveis e que mesmo que doa um bocadinho ou faça bolha , não nos conseguimos separar deles. E depois há aqueles que fazem bolha, calo, e doer para carago, e mesmo assim continuamos a insistir em usar os raios dos sapatos, como se um dia aquilo fosse mudar. Aquilo pode mudar um dia, mas também pode não mudar. Mas a esperança mantêm-se.
Há aqueles em que vamos a andar na rua e partimos o salto. E quando se parte o salto entra-se em pânico.
E, como pessoa que adora ténis, não quero dizer que os homens sejam algo acessório, mas como eu já ensinei á minha pequenina, as princesas precisam de príncipes, mas as guerreiras salvam-se sozinhas. E olha que normalmente, se a princesa não se mexe, é comida pelo dragão.
quinta-feira, 7 de junho de 2012
υм τєχτσ cσм "ρózιηнσ" *
Chegará um dia em que te habituarás á minha ausência por
breves minutos. Depois, esses minutos vão passar a ser horas. Essas pequenas
horas transformar-se-ão em dias, que pouco a pouco formarão semanas. E,
inevitavelmente, essas semanas farão um mês que levará a outros meses. Chegará
o momento em que te vais esquecer do meu riso e do som da minha voz. Pouco a
pouco, vais esquecer as coisas que me faziam rir, o pouco que sabias sobre mim.
A isso, seguir-se-á a minha morada, a minha idade, o meu nome. Tornar-me-ei
numa lembrança tão vã que não terás mais nada do que te lembrar. Alguém te
falará de mim, e tu simplesmente agirás como se nunca me tivesses conhecido.
Todos os dias, eu sentirei a tua falta. Contarei os segundos sem ti e com eles
farei um livro. Lembrar-me-ei dos nossos segredos, das nossas promessas, não
interferindo na tua vida para que me esqueças ainda mais. Vou lembrar-me de
cada palavra, de cada frase, de cada suspiro. Vou lembrar-me de ti a cada dia
da minha curta vida. E, no entanto, agirei para que não te lembres de mim. Vou
ver-te ser feliz, construir uma vida nova ao lado de alguém, enquanto eu vou
guardar as minhas lágrimas para mim. Vou sair dos teus sonhos e ela irá
preenchê-los por mim. Ela irá dar-te o que eu não te pude dar. Quando te
habituares completamente á minha ausência, quererei desaparecer de verdade.
Quererei construir algo novo, sem ti. E vai custar-me tudo, tal como eu sempre
soube que custaria. Nesse dia, o arco-íris irá desaparecer para mim, e eu
saberei que me esqueceste.
E tentarei desaparecer. E quando o tentar fazer, não me
deixes. Abraça-me, chama-me de tonta, ri-te da minha teimosia. Diz que me amas.
Porque se me amares, não terei de te deixar ir, porque aí eu serei o melhor
para ti, e tu o melhor para mim.
Sê meu, e eu serei tua.
domingo, 3 de junho de 2012
«March, 12. - E um dia talvez repares que não estou mais aqui. E aí vais
perguntar-te onde estou. Vais ter saudades de quem fui, e vais arrepender-te.
Mas eu não pude esperar pelo teu arrependimento. Nem que dissesses que
lamentavas. Não pude continuar na ilusão que um dia abririas os olhos. Porque
não era o que me competia. Não era esperar. Porque, esperar por ti era como
esperar pela chuva. Uma completa perda de tempo. E como vês, na verdade,
continuo a escrever sobre ti. Talvez para aprenderes. Talvez para partires. Talvez
porque é uma lição.»
Today - Mas principalmente, porque tenho medo que me aconteça o
mesmo de novo. Que mais ninguém lamente. Que eu perdoe, perdoe, e perdoe de
novo, e tudo acabe exactamente da mesma maneira. Tenho medo porque,
substancialmente não me posso dar ao luxo de confiar. E isso mata-me. Pedaço a
pedaço. Achas que acredito que vai ser tudo um mar de rosas, e que vai ser como
nos filmes na Disney, e no feliz para sempre? Não. Acredita, não sou o tipo de
pessoa que se possa dar ao luxo de acreditar nisso. E a culpa talvez não seja
tua, talvez seja minha. Talvez eu tenha dado demais. Talvez eu não consiga ver
mais nada senão as coisas más. Mas há coisas das quais eu não tenho culpa. Da
dor. Dos pedaços partidos. Das conversas que tanto disseram sem nada se ouvir.
Disso, nada tenho culpa. Disso, nada me arrependo. E por mais que isso seja o
pior de tudo, é impossível me arrepender de algo assim, porque fez de mim o que
sou. Fez de mim a pessoa que tem medo. E sabes, nem tenho problema em dizer que
tenho medo. Faz de mim humana. E a nossa humanidade é o que nos define a todos.
E sabes o medo? Um dia ele vai desaparecer. Assim como tudo
o resto desapareceu quando eu precisei que desaparecesse. Assim como eu pedi
para que tudo mudasse e tudo mudou. E foi devagar, progressivo. Para habituar
todas as moléculas do meu corpo á ausência. Para habituar todas as partículas
do meu coração à liberdade. E tudo isso custou, mas tudo isso me fez viver.
sábado, 2 de junho de 2012
Já desejei ser dona do mundo. Olhar e ver acontecer, sentir
no meu coração o bem, o amor, tudo de bom. Também desejei o que não podia ter.
Erro, maldição, coisas fúteis, não interessa. Olho pela janela e vejo um novo
amanhã. Se tu existes, eu existirei, e nós existiremos, num mundo. Esse mundo,
que não é teu nem meu, será nosso, apenas para o podermos guardar. Quando
achamos que a vida já não vale nada, caminhamos entre a erva e achamos uma
flor. Olhamos vagamente para as nuvens e vemos o brilho do sol entre elas. Em
tudo, há esperança. Se deixarmos de acreditar, para quê viver? Para quê
deixar-nos condenar, para quê deixar bater um coração vazio, que nada preenche,
em que nada vive. Um coração que quase não bate, apenas o faz por hábito. Que
pode ter sido partido tantas vezes que pode já não voltar a bater na próxima.
Quando isto acontece, usamos cola. Achamos que a cola vai durar sempre, que
seremos sempre fortes , que nada nos derrubará. Doces mentiras, doces enganos.
Tecemos uma teia, onde a felicidade morre a cada dia pelo engano. Pela mágoa.
Vivemos algo que não é nosso. Quando isso acaba, o que podemos ter? Olhamos
para tudo e vemos que não lutámos. Preferimos, viver, essa doce ilusão, e não
olhar para trás. Afinal, quando a vida nos oferece uma chance de sorrir, a
primeira coisa que fazemos é aceitá-la , mesmo sem saber que é real, que é
nossa, que tem o nosso nome escrito a caneta de acetato, daquelas que não se
podem tirar.
Ás vezes achamos que tudo é para sempre. Ás vezes, não é. Ás
vezes encontramos o nosso destino ao virar da esquina e uma simples frase pode
mudar tudo, desde que signifique algo, que seja sincera, que venha misturado
com um cheiro a sinceridade, como cheiro a chocolate. Aceitas a mudança. És
abençoada. Rejeita-la. Perdes tudo. Quando te dão algo, quando a vida te dá
algo, não podes desperdiçar. Primeiro, tem de ser real, depois, fica para
sempre.
E assim, há a sobrevivência. Vencer os demónios, superar o medo. O medo que tanto destrói e tanto condena. Tirar o peso de cima das costas, o peso que antigamente tanto torturava, o peso que um dia foi o criador de todo o tipo de desgraça. O peso que, acabou por desaparecer, pedaço a pedaço, pedaços esses que eu partilhava com a alegria de tentar ter o que nunca poderia ter. Alegria essa que se tornou na minha maior desgraça. E tudo isso desapareceu. E não voltou mais.
Eu poderia dizer imensas coisas. É, eu podia. Mas nada do que eu disser fará sentido. Porque, de alguma maneira, nada seria comparado ao que realmente é. Quer dizer, já tentaste descrever um pôr-do-sol? É lindo, brilhante. Mas que diz isso sobre o que significa no coração de cada um? Será apenas mais um pôr-do-sol? Será aquele que mudará toda a vida da pessoa, em que todas as decisões são tomadas e aceites por determinado ser humano, e que aí todo um novo futuro se constrói?
E eu não posso descrever um pôr-do-sol. Assim como não posso descrever isto. E podia fazer disto uma teoria. Algo que não se pode explicar é directamente atingido pela Teoria do Por-do-Sol.
Mas isto digo eu, que gosto de divagar xD
"Love doesn't make the world go round. Love is what makes the ride worthwhile"
Lσѕτ *
Era suposto eu estar bem. Na verdade, radiante. Ainda mais,
perfeitamente feliz. Mas não estou. Hoje, em vez de sair, fiquei em casa.
Sentia um peso enorme. Não sei se eram as lágrimas reprimidas. Não sei se foi
aquele regresso ao passado tão repentino que de repente me passou pela cabeça,
pela cabeça do ser humano fraco que sou. Nem sei se foi de acordar sem ter
dormido tudo. Não sei. Mas, não consigo… Eu, não sei.
Em primeiro lugar, há pessoas a quem eu devia pedir
desculpa. Pessoas a quem magoei. Pessoas que me magoaram. E o mais difícil é
não ser capaz de o fazer. Ou se for capaz, não ser o suficiente. Pela primeira
vez na minha vida, neguei aquele instinto de vingança e maldade tão
característico meu. E apeteceu-me pedir desculpa. Mas não pedi. E queria que
tivessem pedido desculpa. E não pediram.
Em segundo lugar, não entendo como podemos ter o que sempre
quisemos e estar, ainda assim, insatisfeitos. Será que o ser humano nunca se
contenta? Livrei-me da droga que tanto me atormentava. E isso, para alguém tão
casmurra, repetente e cansativa como eu, foi uma grande vitória. Sabes aquele
sujeito que vem num cavalo branco, por quem tu esperas toda a vida? Ele não vem
num cavalo branco, nem veste fatinho branco, nem é perfeito como nos filmes da
Disney. Esse sujeito é humano. E é, ainda assim, o mais próximo de perfeição
que se pode encontrar, por isso, não devemos deixar esse tipo de pessoa ir
embora.
Em terceiro lugar, continuo a sentir-me sozinha hoje. Não
sei se é por causa da exaustão tão acentuada que me obrigou a adormecer em cima
de um pequeno trampolim. Aliás, nem me lembro do que a rapariga que estava a
dormir pensava. Porque ela tirou férias neste preciso momento. E essa sim, tem
sorte. Eu, nada sei, tudo digo e muito pouco acerto.
Eu, a minha humanidade tão finalmente definida, e os meus
erros tão presentes, levam-me hoje a aceitar que o dia em que paramos de
tentar, é o dia em que deixamos a terra engolir-nos. Porque é o que sinto
agora. Mesmo tendo uma parte de mim que tem tudo o que sempre sonhou, a outra
parte falta algo. É o puzzle incompleto, aquele que só aparece quando a
exaustão chega. E não sei o que pode curar isso. Nem sei se vale a pena curar.
Talvez devesse enterrar esta parte, tão exausta de sentimentos, tão retraçada e
tão dorida. Como se tivesse sido atingida por milhões de facas. É como se
tivesse a fazer o luto do que um dia eu fui, e do que parte de mim continua a
ser.
Mas sabes, eu sou a fénix. Aquela pequena personagem que
renasce das cinzas. Aquele pequeno animal que nunca desiste. Que volta, e
volta, e volta. Assim como eu. Eu volto. Eu voltei, e vou continuar a voltar.
Não sei porquê nem como. Não sei.
Eu quarto lugar, está o medo. O medo de me enganar, de
errar, de voltar a cair na minha tendência imperfeita de acreditar e sofrer, e
desse ciclo se repetir vezes sem conta, sem eu na verdade dar graças do que
tenho, ou do que um dia tive. Simplesmente tornou-se imperativo não deixar o
coração morrer. Fazê-lo continuar a bater, independentemente de tudo. Sem
parar. Sem doer. Tentar. Não desistir.
«Ás vezes as pessoas choram quando estão felizes. E não é por quererem estar infelizes, ou por serem loucas. É porque mesmo quando estão felizes, ainda sentem que falta algo. Porque mesmo quando o sol brilha o arco-íris ainda tende a aparecer, pelas lindas gotas de chuva que caem da nossa alma. E sim, a alma chora quando não tem quem a complete. Porque almas sozinhas são almas vazias, sem nada dentro, sem nada saber. E cada lágrima que cai contempla toda a sabedoria dessa lágrima, ali, quieta e rolando pela face abaixo.»
«Ás vezes as pessoas choram quando estão felizes. E não é por quererem estar infelizes, ou por serem loucas. É porque mesmo quando estão felizes, ainda sentem que falta algo. Porque mesmo quando o sol brilha o arco-íris ainda tende a aparecer, pelas lindas gotas de chuva que caem da nossa alma. E sim, a alma chora quando não tem quem a complete. Porque almas sozinhas são almas vazias, sem nada dentro, sem nada saber. E cada lágrima que cai contempla toda a sabedoria dessa lágrima, ali, quieta e rolando pela face abaixo.»
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Prefiro que vás embora em silêncio, saias, "bazes", não te importes.
Prefiro tudo isso a que fiques, me faças importar e no final isso não
chegue. Prefiro morrer a amar-te do que perder-te, mas a odiar-te
aprendo a viver sem ti. E se te odiar, como posso eu amar-te? Como
posso eu passar pela confusão de sentimentos de novo? Sim, o meu
coração aprendeu. Não, não vou voltar a errar de novo. Cresci no meio
disto tudo. Lutar contra os meus sentimentos sempre foi a minha pior
luta, mas mesmo que os admita a luta é sempre ganha por mim. Não por
eles. Porque como eu digo tantas vezes, quem manda é o cérebro.E a
droga quase foi embora, fazendo-me acreditar numa vida limpa e sem
medos. De repente, voltou, e não veio sozinha. Veio devagar. Calma,
como de modo a predar-me, quente e preenchente, fazendo-me manter a
respiração lenta e acreditar que estava tudo bem. Enquanto isso,
infiltrou-se por debaixo da minha pele tão marcada pelas cicatrizes
invisíveis ao olhar comum. E se tu pudesses ver, sentir, saberias.
Saberias que o ferro é cristal e que se parte a um só toque. Saberias
que o mundo tem um fim marcado, e que para esse fim tudo se destina a
que não seja feliz. Tudo mudou desde que a droga veio. Tudo mudou
desde que veio mais do que ela. E comecei a ser torturada, não só pela
droga, mas pelo que veio também. O sol veio, mas foi embora. As nuvens
cobriram o meu coração. E eu tive medo. Tive muito medo. E quando tive
medo estive sozinha. Por isso é que não me quebro. Porque sei o que é
estar sozinha quando dói, o que é não ter absolutamente ninguém
enquanto tudo é quebrado e estilhaçado á minha volta. Eu sei. E se um
dia souberes vais entender a razão pela qual certas pessoas vão
olhar-te de lado. Vais entender o que é ter um coração vazio e ao
mesmo tempo preenchido. Simplesmente, entenderás.
O mundo vai parecer-te diferente, as pessoas vão começar a achar que
mudaste. Que te tornaste alguém mais fechado. Mas sabes que mais? Tu
vais achar que o mundo acabou. E , amor, isso não é verdade. Pensa
comigo. Enquanto tu tiveres em depressão, vais ver pessoas a andar,
mas elas não te vão parecer importantes.Mas vão ser. Um dia. Não hoje,
nem amanhã,nem depois. Mas mais tarde vais desejar que elas sentissem
o mesmo. E depois vais querer que elas vissem como as coisas são. E
elas não vão ver. Sabes? Algumas passaram pelo mesmo. Mas não mostram.
O truque é este: Sobreviver. O mundo vai-te cair em cima, mas tens de
te levantar, sacudir o pó desse rabiosque bonito e continuar a luta. E
porquê?
Porque ninguém o fará por ti.
sábado, 3 de março de 2012
Sabes que mais? Acredito nas coisas simples. Aliás, eu amo
as coisas simples. Amo ver o sol todas as manhãs, amo ver as flores, amo as
minhas amigas. Amo falar de rapazes com as minhas amigas. Amo sorrir. Amo
cantar, dançar e fazer figuras tristes. Amo ser feliz, sem efeitos
computacionais, apenas felicidade no estado puro. Amo os saltinhos de
contentamento quando algo bom acontece. Amo sentir o meu coração saltar á voz
de alguém que tão bem conheço. Amo conversar, parvoíces, e amo a luta. Não
gosto do que dói, mas amo o que vale o esforço. Amo simpatia, amo carinho, e
principalmente amo quando dizem que me amam. Amo chorar á chuva, amo falar com
as minhas irmãs de longe e amo pensar no que me faz sorrir tantas vezes. Adoro
a minha cara quando não percebo algo, e quando desvio a minha atenção de uma
coisa para outra. Amo tudo. E também há as pessoas que eu amo ter por perto. E
as que eu amava ter comigo. E as que eu amava não ter perdido, as que eu amava
não conhecer, e as que eu amava que me deixassem em paz. Amo o ar livre,
acordar tarde, e queixar-me de acordar tarde, porque o dia está lindo é de
manhã. Gosto quando me dão festinhas no cabelo, quando me abraçam e quando
dizem que sou de confiança. Amo quando me dão razões para amar. Amo o sol, a
lua, e amo quando eles aparecem ao mesmo tempo e a lua está bem branquinha, ali
no meio do céu azul. Amo pensar que o céu é azul. Amo chorar com a minha prima,
andar de baloiço com ela, rir dos meus defeitos e aproveitar as qualidades.
Amo tudo isso, mas gostava que você amasse uma coisa…
Sabe o que é? Eu digo ao teu ouvido…
« Eu »
ℓσѕτ.
E considero-me perdida. Não sou a fortaleza que outrora fui,
por entre soluços que rasgavam o ar frio que nos rodeava a ambos. Junto a ti
tudo brilha. Mas serias tu capaz de tornar o sonho em realidade e juntar os
pedaços do meu coração tão despedaçado e vazio? Sou brinquedo com defeito amor,
que nem aqueles brinquedos que vão pra concertar em plena loja. Sou um avião de
asa partida. Aceitas-me mesmo assim? Mesmo quebrada? Mesmo completamente
perdida? Acolhes-me nos teus braços e mesmo assim aceitas ficar comigo? Juntar
todos os pedaços do meu coração e fazer-me continuar a viver? Ser causador de
cada respirar, de cada acordar sorridente, de toda a magia que não nos faz
viver maquinalmente?
E se aceitares, ficas? E se ficares, é para sempre? Não me
deixas, não me largas, não me abandonas?
E assisti a cada sonho derrubado, a cada lágrima que
escorreu pela minha face já tão marcada pelo desgosto e pela raiva de toda uma
tristeza que guardava de modo tão sombrio em meu coração. Coração esse que já
não batia como antes, que tinha perdido a qualidade livre que em sonhos de
outrora tive, e que antes voava como um pássaro que cantava nos corações puros
das crianças, em que tudo é risos, sonhos, sol e uma brisa fresca.
(…)
E sabes o que penso? Talvez um dia saibas, talvez um dia
saibas que foste, és e sempre serás a razão de tal pensamento, a razão de um
certo sorriso num certo momento de alegria. És a esperança que me trouxe quem
sou. E agora partiste do meu lado, mas eu continuo a mesma. A felicidade, essa,
procurarei nalgum lugar que não seja teu, para que não ma tires como me tiraste
a tua preciosa presença, que deixou um buraco tão grande na minha vida.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
αѕ єѕcσℓнαѕ
A vida é o que fazes dela. As escolhas. Os pensamentos, que
influenciam cada simples batida do teu coração. Fazemos escolhas dia após dia.
Por mais básicas que sejam estas escolhas, vão fazer de ti o que és. Trazem-te
a tristeza e a felicidade. As escolhas mudam o teu mundo, constroem mundos
paralelos, incorporam os sentimentos que habitam dentro de ti. E sabias que as
escolhas dos outros também te podem influenciar? Bem, claro que podem. Se
alguém escolher acabar com a sua vida e tiveres uma ligação a essa pessoa, não
vais ficar feliz com a sua escolha na vida. E isso influenciará a tua própria
vida, mesmo que não o percebas no momento, mesmo que só entendas mais tarde.
Então, meu bem, somos uma rede de escolhas, verdadeiras e
falsas, humanas e desumanas, relacionando-se com outras redes de escolhas, que
este mundo que tantas lágrimas nos dá diariamente.
Cada vez que assumirmos como tomada uma decisão, damos uma
certa cor ao nosso mundo, e essa cor influenciará o nosso espírito. E nos
nossos sonhos vemos o mundo, da cor das decisões que tomámos, onde gostaríamos
de voltar atrás. E tenho medo de fazer as decisões erradas. Todos temos. Mas
temos de assumir que a vida não é perfeita.
Já viste um pôr-do-sol? É lindo. É o terminar de um dia, o
término da tristeza e da felicidade, dando início ao crepúsculo onde tudo
espreita: os segredos, os pensamentos, o bater do coração acelerado. Trocarias
um pôr-do-sol por uma floresta praticamente morta? Mesmo sabendo que o
pôr-do-sol acabaria? Eu escolheria a floresta, com esperança de a salvar, com
esperança de ver uma flor florescer nela. Porque a partir do momento em que
florescesse, tudo passaria a brilhar, e a expectativa seria sempre mantida. A
esperança estaria sempre lá. O pôr-do-sol duraria pouco, seria maravilhoso, mas
apenas de aparência. Não seria duradouro. Não seria para sempre. A aparência
nada pode contra a essência. É como colocar a mentira contra a verdade
escondida, sendo a mentira bela demais., Escolhi o caminho errado mais de uma
vez, admito, as resolvi levantar-me do chão e continuar. Acredito na essência,
na flor que nasce na floresta morta após trabalho árduo. Acredito nas acções e
nas palavras da essência e não nas do corpo.
Acredito que um via tudo irá correr bem… Porque não o faria?
Tanta lágrima vale um sorriso um dia mais tarde. A felicidade está á tua
espera, acredita, só tens de abrir a porta para ela poder entrar.
Erin*
Erin*
féηιχ
E é neste inferno que vejo que já
devia ter saído deste beco há muito tempo. Que devia ter-me desintoxicado há
uns bons tempos, para voltar a saber quem sou. E silenciosamente espreito por
entre as montanhas de lixo depositados na minha cabeça, como arquivos cheios de
papelada desinteressante, em oposição á ordenação simples do meu coração, que
tanto bate como falha uma batida, nestes sentimentos confusos partilhados pelas
duas metades desse mesmo coração. E ambas as metades comunicam comigo, mas de maneiras
diferentes. Uma delas dói, e transmite amor pela droga conhecida, transmite o
vício, anseia pela adição que corrompe as minhas veias. A outra metade, meio
adormecida, transmite a paz interna necessária á felicidade, a complexidade de
outro segredo tão humano. A felicidade que quero alcançar longe da droga que
nunca me abandona.
E o tempo passa, devagar. E as palavras ecoam,
num pobre coração. E os olhos enchem-se de lágrimas, perante as lutas diárias.
E tudo o resto parece vazio, apagado pela borracha do tempo. E sufoco, contendo
os soluços e as lágrimas, enterrando tudo dentro do meu peito vazio. E grito
pela minha felicidade tão inalcançável, querendo vencer o poder da droga em
mim. E quero a desintoxicação, mesmo que ela fuja de mim. Exijo desesperadamente
a tua partida do meu coração. E desejo um mundo longe de ti, que me é oferecido
agora pela impossibilidade que me abraça á noite. Sou como um pássaro, anseio
por voar e partir, fugindo a correr do desespero que se tenta pegar a mim.
E sei que por mais que corra
jamais me abraçarás e levantarás nos teus braços como eu tanto queria que
fizesses. E ao contrário do que sempre esperei, o mundo sem ti sobrevive, o
mundo sem ti continua. É diferente, parece frio, quase coberto de gelo, mas
continua. E é isso que sei da vida. A vida continua. Depois de cada morte no
coração, a vida continuará. Isto tem de passar para cada um de nós. Depois de
sofrimento, lágrimas e de condenarmos tantas vezes o nosso julgamento a erros
que nos custam momentos importantes; tudo continua. Tudo muda mas fica lá. Não
é como uma flor que morre. É uma fénix que renasce das próprias cinzas. Isso é
a luta. Renascer após cada morte. Ser uma fénix eternamente. E eu fui uma fénix
tantas vezes, mas cansei de o ser. Preciso de um sítio onde repousar, de um
sítio onde permanecer alheia á dor que a droga agora causa. Preciso de um sítio
onde a morte e a vida não tenham sentidos banais, de um lugar onde o sol brilhe
de dia e as estrelas cubram o céu á noite.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
αll oνєя αgαιη
E quando acordo desse estado drogado, sinto a tua falta. Levanto-me e sorrio tristemente. Continuo a viver sem ti, incompleta e nas sombras. Sinto falta da felicidade mas mesmo assim vivo. Às vezes respirar é a única coisa que posso fazer, enquanto liberto os meus pensamentos e os guardo no paraíso onde outrora morri. E finalmente sei que foste embora de mim, mesmo permanecendo em mim em sonhos.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
∂яσgα ρєѕѕσαℓ - α ℓσυcυяα ll
(…) E como uma drogada ansiosa pela
próxima dose, injectei a minha droga pessoal no meu sistema, sem sequer me
preocupar com a dor que a agulha causava ao ser retirada. Deuses, como doía. E
eu voltava sempre a busca-la, tudo em prol da felicidade momentânea que tanto
me aprazia ter. E toda essa droga dirigia-se para o meu coração. Tinha sido
sempre lá que a dor vivera, que a droga se alimentara de mim, se aprofundara no
meu ser de modo tão profundo que eu mal sabia onde ela acabava e começava o
verdadeiro eu. E a droga flui carinhosamente pelas minhas veias, como uma
carícia, tentando de todas as maneiras controlar o que um dia eu fui. Oh minha
droga predilecta, como me deixaste viciada em ti, em tão pouco tempo… E tempo
sem ti não é tempo, vida sem ti não é vida. E desejo casa vez mais a tua
presença em mim. Mas… chegou o tempo da desintoxicação. O tempo de extrair cada
pingo desta droga de dentro de mim. Chegou o tempo de fechar o passado, de
abrir o presente ao futuro. Meu vício, minha droga, sentirei a tua falta. Oh e
que falta me farás! Momentaneamente, tudo parecerá bem mas depressa sentirei o
vazio em teu lugar. Droga, minha doce droga, minha intoxicação, meu prazer
pessoal, fogo que arde nas minhas veias, sei admitir quando um fim chega, e o
meu chegou. E todas as injecções desaparecerão, deitá-las-ei no lixo antes
mesmo de sentir o toque frio do metal contra a minha pele. Doce, doce, doce
droga que alimentaste o meu coração de esperança e o deixaste vazio. Deixaste-o
vazio para ser preenchido com quê? Ar? Não sei o que meter em teu lugar, no
lugar onde mais nada existiu. Oh, o gosto de te sentir nas minhas veias, fria,
implacável, sombria, com tudo o que contigo vinha. A desintoxicação não vai ser
leve, minha companheira de veia, minha invasão do coração. Parte de mim estará
sempre contigo, mesmo depois de todas as lágrimas de necessidade que me fizeste
passar, mesmo depois das noites de delírio insano em que me deixavas consciente
da tua presença em mim, com tuas asas negras ao vento. Minha doce droga, aroma
da minha alma, sopro do meu coração, vida jogada ao lixo, desperdiçada em vão.
E se eu te pedisse para não me deixares ir? Entrarias pelas minhas veias de
modo diferente? Não me farias ter saudades da doçura do metal? Já não sei o que
é estar limpo, livre, ansiosa por viver. Prendeste-me a ti, indubitavelmente
para a eternidade. Cada litro do meu sangue vem com parte de ti, parte do que
me fazes ver, sentir, cheirar, querer. Tudo em mim és tu e tudo em mim é um
sofrimento prazenteiro desde que existes. Tudo em mim não é mar, sol e terra. É
chão, água da torneira e luz do candeeiro fraca, oh linda droga do meu sistema,
bela invasão do meu respirar longo e profundo, visão do inferno na terra e do
pecado no céu. Criadora de mundos sem fim, de canções de embalar, de vícios
adicionais, de melodias silenciosas no fundo de um olhar. Parece
incompreensível, minha cruz, meu sofrimento, meu prazer, minha alegria. E com
doçura chamo por ti. E com lágrimas te deixo partir. E com um grito sufocado
corro na direcção oposta para não te prender de novo a mim. E nesta cadência
perfumada do ar, onde coexistimos juntas, minha droga, meu coração, estamos
unidas pelo oceano, afastadas como o céu e a terra e tudo o resto á nossa volta
pára. E o mundo quebrar-se-á quando tudo acabar. Mas hoje é tempo de me
desintoxicar, de limpar o meu sangue de ti, que tão depressa correste pelas
minhas células humanas de forma tão letal.
Dir-te-ei adeus de forma solene,
enquanto me impeço de derramar lágrimas de apego e compaixão, enquanto me
agarro ao mundo de forma cruel para não correr para ti de novo. Enquanto te
dreno do meu sangue, destilando tudo o que há em mim, roubando-me a mim mesma
sentimentos, lágrimas, sorrisos o calor, o frio, a manhã e a noite. Meu
coração, tão drogado e tão perdido de sanidade gemerá por tu até ao fim dos
seus dias. E eu não voltarei para o vício, não posso, não devo. Vou
acorrentar-me a uma cadeira, a uma cama, a todo e qualquer mobiliário para não
te perseguir, para não te desejar no meu sangue de novo. Para não te abraçar
nas minhas veias, para te soltar do meu coração. Doce droga, deixar-te-ei esta
noite, com tudo a que tenho direito. Descreverei sempre a minha experiencia
contigo como uma fase negra do capuchinho vermelho no bosque escondido. Eu sei
que nada disto faz sentido. Mas porque faria, se ainda bates no meu peito? Se
ainda tenho restos de ti no meu sangue, se tenho a tua marca tatuada nos meus
olhos, se ainda sinto o metal frio nas minhas mãos. E lembro-me do sangue que
escorreu quando apunhalei meu coração de cima a baixo, de maneira cruel e quase
satânica, enquanto me deliciava contigo em meu pensamento. Enquanto delirava
com o teu odor abraçada á minha almofada, sentindo o teu calor nos meus sonhos,
a tal alma na minha mente, que me amordaçava os sentimentos, que quebrava as
tentativas de alcance da paz- Doce droga, doce tentação, doce pecado da minha
vida, sentida em cada batida do meu coração, em cada conto da minha alma, em
casa lágrima, em casa riso, em casa vez que menti com o olhar e o riso,
tentando esconder o que tanto me consome por dentro, o que tanto me conduz á
insanidade, contigo misturada dentro de mim como uma poção inacabável. Como uma
reserva inesgotável de prazer, dor, solidão, companhia, alegria, tristeza,
maldade, bondade, e tudo o que mais viesse, tao perto do meu coração como se
fosse eu mesma. Oh minha loucura tao pura, tão adorada, tao inculpável, tão
generosa para comigo, que espero que afastes a droga pura de mim, o sabor da
alegria do meu ser. E tudo o resto. Põe-me num estado de dormência seguro, te
peço solenemente com a dor banhada em meu coração que me adormeças de novo,
para que possa perdoar, esquecer, paralisar uma vida que não quero ter.
Adormece o meu lado que mora com esse anjo cruel, com essa alma doente e sombria,
que descobre os meus sonhos e os desfaz contra uma parede invisível que causa
sofrimento e dor no peito, que me admite como uma drogada incurável, em que a
droga nas minhas veias é compartilhada e vendida e quase quebrada entre
sentimentos confusos escritos por uma alma morta em si mesma. E a canção que
todos não conhecem grita no meu coração a pura verdade que a alma não aceita
como sua. E tudo pára nos poucos segundos em que a sanidade volta ao meu
coração. A insanidade leva á perdição, á terra do pecado onde só
entra quem provou a droga tão indigna que tocou o meu coração, que conduziu as
minhas veias á perdição do vazio. E quando a desintoxicação começa, meu bem,
meu anjo, meu coração gelado, todas as estrelas se perdem e ganham e fogem da razão
de viver da pobre alma sofrida que compartilha o espaço lunar com a minha
própria alma. A desintoxicação é o que mais custa, é o que mais dói no fundo da
alma, do espírito, do que me une a mim mesma. Do que é contido no mais profundo
segredo das minhas veias. E as vozes acalmam o silêncio, as vozes suspirantes
que não destroem o mal mas que o alimentam a cada dia que passa.
Desintoxicação, a palavra-chave a partir do momento em que tudo se quebrou, a
partir do momento em que o reino caiu, a partir do segundo racional em que um
coração outrora quebrado e colado se voltou a quebrar. A partir do momento em
que a droga consumiu as aurículas, os ventrículos e aos poucos tomou conta de
mim, que aos poucos me conduziu ao descalabro, á perdição tentada de vida outrora
exacta e agora misturada entre tantas outras como fio de lã no meio de uma
confusão de novelos simetricamente iguais, mas tão diferentes como a luz e a
escuridão. E arrancar-te-ei do meu peito, gritarei vitoria perante a destruição
de tudo o que nos une, perante a quebra da ligação sombria que nos causa
arrepio quando tu, droga insana, tocas no meu coração, tocas a minha alma ao
mesmo tempo, e me deixas numa espiral profunda de dor que torna a vida tao bela
mas ao mesmo tempo tao escura e irreal como no momento em que me tocaste a alma
pela primeira vez. E a vida continuará sem ti, mas quase imposta, quase
obrigada a continuar a ser contada e tao inábil como uma criança de 3 anos á
frente de um modelo de construção da torre Eiffel para maiores de 16. E saberei
quando estiveres perto de mim, quando sentir o teu cheiro no ar, quando tiver
de novo a vontade imediata do metal frio na minha pele, furando-a, passando
através dele num sentimento de ganho tao sujo, como roubo de um mundo, como
roubo de uma vida alheia, quebrada e roubada, destruída e alienada. E tudo se
tornará claro, mais tarde, depois de longa reflexão sobre todo o pecado
cometido a casa injecção, o murmúrio de prazer a casa batida cardíaca quase
pecaminosa, num espelho da irrealidade confusa em que vivemos, á beira desse
penhasco sísmico irregular em que poderemos cair de um momento para o outro,
tendo a tentação ao nosso lado, pesando em nossas costas como um rochedo. E sei
que inutilizada também sofres de igual modo, também te conduzes á evaporação,
também te eliminas a ti mesma, roubando ao tempo a vontade pura e impregnando o
ar com o odor conducente ao desespero celestial em que a alma é torturada e o
espirito vendido ao diabo e clausurado nele. E a canção, oh, a melodia pura.
Anjo da minha alma, perda de tempo raciona quase utilizado para um desperdício
que vai ser destilado do meu sangue. E todos os sentimentos alterados voltarão
ao normal. O sangue voltará a correr livre, sem a droga misturada, sem a poção
insanamente dominante, sem o pedaço que completa o pobre coração, perdida em memórias
antigas mas com o sangue a correr. Deixar-te-ei, minha droga, meu coração, sem
me despedir. Sem dizer adeus, sem um ponto final tão pedido mas ineficiente na
probabilidade elevada da existência de uma recaída profunda. E a sanidade
acabara por voltar, não completa mas parcialmente e toda a corrida terá um
propósito, uma meta a atingir. O tempo contará de novo, com segundos retirados,
aqueles em que me agarro às memórias desviantes em que a minha droga e eu
tantas vezes nos unimos. Cada acordar vai ser diferente, com um sorriso, com
uma lembrança quase vazia. Com um frio na mente de onde a droga foi lavada, de
onde quase foi arrancada com a ferocidade tão característica da perda, com o
brilho no olhar que luta pela contenção das lágrimas, com o controle do peito
que teima em quebrar-se longe dos olhos de todos.
Droga, eu te conheci, eu te li, eu te
escrevi em mim inúmeras vezes. E tudo de ti ficou escrito em mim, como tinta
permanente, e gravado no meu coração como uma tatuagem irreal e complexa, em
raios eléctricos sem dor e dolorosos ao mesmo tempo. Quis-te comigo, agora
tenho de te largar. De deixar ir o vicio, de te lavar de mim… Chegou a hora
minha droga, meu calor interno que perco á medida que respiro….
“ E o para sempre não existirá
enquanto tudo muda na nossa realidade tão vazia e cheia e tão preenchente da
alma vazia. Até um dia minha droga, ver-nos-emos quando tudo terminar.”
wєℓcσмє*
Em primeiro lugar, queria agradecer à pessoa que me aconselhou a fazer um blog. Ela teve das reacções mais bonitas à minha escrita, e isso contou muito para mim. Basicamente vou escrever textos (enormes e pequenos) por aqui . Espero sinceramente que gostem.
Se este blog existe é por tua causa, adoro-te Mary ♥
Ora então...
The Last Drug in Paradise : Do português "A última droga no paraíso" . Blog de textos, crónicas, até alguém se fartar de ler isto e eu ficar a publicar para o boneco :p É também um espaço de partilha emocional e que serve basicamente para mostrar ao mundo os sentimentos de uma pequena pessoa que habita no mesmo mundo que tantas outras, mas que é singular por si só.
(E também adoro a minha Jo que me deu na cabeça um milhão de vezes por eu não fazer um blog, ainda não vivia para contar esta história xD Love You! )
Ora então...
The Last Drug in Paradise : Do português "A última droga no paraíso" . Blog de textos, crónicas, até alguém se fartar de ler isto e eu ficar a publicar para o boneco :p É também um espaço de partilha emocional e que serve basicamente para mostrar ao mundo os sentimentos de uma pequena pessoa que habita no mesmo mundo que tantas outras, mas que é singular por si só.