sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

ιτ gσєѕ ση, αη∂ ση, αη∂ ση


O problema da dor é que ela não passa. Toda a gente diz que a dor passa com o tempo, mas é mentira. Nunca passa. Nunca pára. Nunca muda. Continua sempre. Podemos passar a maioria do nosso tempo a tentar escondê-la, a tentar ser felizes, mas sabes que mais? Dor é sempre dor, não importa o que mude. Ela aparece quando menos se espera, como se estivesse guardada numa pequena caixa e sempre que nos aproximamos demasiado ela simplesmente rebenta. E nada pode ser feito, nada pode ser mudado. Ninguém te pode oferecer um novo coração. Ninguém pode mudar o passado. Ninguém pode fazer a dor desaparecer para sempre. Ninguém a pode matar. Não por ela ser rápida ou forte demais, mas porque é simplesmente indestrutível. Porque causa marca, abre ferida. Porque ataca sempre o mesmo lugar, mesmo que ele já não seja tão pobre e indefeso. Dor. Apenas dor. Uma palavra tão pequena que causa estragos tão grandes, que marca tanto uma pessoa. E não se nota quando estamos com alguém. É quando estamos sozinhos que temos de nos preocupar com ela. É aí que temos de lidar com ela olhos nos olhos, e no entanto saber que ela vai sempre estar um patamar acima na escada, façamos nós o que façamos. E ela não mata, mas tortura. Destrói momentaneamente cada pedaço de felicidade algum dia alcançado, arrasa boas recordações que levamos no coração. E quando volta traz tudo com ela: lágrimas que ficaram por chorar, palavras que ficaram por dizer, costas que ficaram por voltar. E faz um peso, um peso enorme, que leva muitas pessoas a tomar decisões estúpidas e impensadas, irracionais e loucas, que no seu estado normal não tomariam. Não é nenhuma doença, não é nenhum furacão mental. É apenas dor. E apenas nesta frase nunca significa apenas, porque nada é pequeno nela, nada diminui, nada fica mais fácil quando sabemos que ela está lá. Nós apenas a colocamos numa bolha e a ignoramos, e não queremos encará-la no dia em que a bolha explode, temendo esse dia como se se tratasse da nossa chegada ao inferno. A dor é o nosso inferno na Terra, é o necessário para que as coisas boas aconteçam depois. E as coisas boas não fazem com que a dor desapareça, mas vão ajudando na formação da bolha, tornando-a menos frágil, mais resistente, mais duradoura. As coisas boas fazem-nos pensar que somos menos miseráveis, que somos mais humanos, mais felizes, mais honrados, superiores ao que um dia fomos. Mas o que um dia fomos continua cá escondido, esperando um dia saltar para fora. Cabe-nos a nós escolher esse dia, e formar a nossa bolha. Talvez esse dia não esteja tão próximo ainda. Talvez tudo vá durar. Talvez o brilho do sol seja mais intenso amanhã ao acordar. Talvez tudo pareça menos complicado, menos real, mais sonho e menos preocupante. Talvez. Mas apenas talvez não chega, quando as probabilidades estão sempre contra nós. Nada é certo, tudo pode acontecer. Tudo se transforma, tudo se vê em ângulos diferentes em situações diferentes. Por mim apenas sei que amanhã vou acordar no mesmo lugar, e nem prevejo o que poderei pensar a seguir, porque tudo muda quando fechamos os olhos, quando pausamos o respirar.  

terça-feira, 4 de dezembro de 2012



Acabei por entender que, nas tuas leves fragilidades, escondias o que eu procurava. Não te conhecia, e tu não me conhecias. Era passado e futuro, combinado com presente. E eu queria saber quem eras, no entanto, tal coisa era difícil de obter. Não que eu não pudesse, não que eu não quisesse, mas porque era complicado em si mesmo. E saberias o que eu queria? O que eu desejava? Desejava passear, caminhar, ver as estrelas. E era tão difícil não poder, ter de controlar tudo, naquela ânsia de poder só minha, que tanto abalava os meus sonhos e me fez desistir de tanto, e de aproveitar tão pouco. E ainda tento não olhar para trás durante o dia, para que a luz não me leve onde não quero mais ir. Prefiro a escuridão da noite que me traz a calma e ao mesmo tempo te traz para mim. Sei os passos que não devia ter dado e dei, sei o que devia ter mudado e não mudei, onde eu devia ter corrigido essas imperfeições pequenas mas tão grandes e que deixavam marcas gravadas na alma. Foi difícil ir embora e não olhar para trás, deixar aquela pessoa que eu via no espelho tantas vezes todas as manhãs e despedir-me dela foi a coisa mais difícil que algum dia fiz. E valeu a pena. Se eu não tivesse deixado aquela pessoa naquela manhã, o sofrimento seria ainda maior. E a pessoa que eu deixei tinha tanto amor dentro dela que talvez não suportasse a desilusão que eu acabei por trazer a mim mesma, antes de toda a felicidade que veio acrescida dessa decisão tão complicada de entender pelo meu espírito tão habituado ao sofrimento e ao passar horas tristes com ele mesmo sem parar de pensar no antes, no depois e em todas as consequências de todos os actos irreflectidos e impensados que ocorreram depois daquela manhã. Sei que a pessoa que lá estava não me teria apoiado nas minhas maiores decisões, decisões essas que levaram a um novo e gentil amanhecer. A pessoa que lá estava era tão agarrada ao passado que nem poderia pensar no frio que estava por vir a seguir. Estava tão cega que nem conseguiria pensar no sol que derreteria esse gelo. Era eu, independentemente de tudo. Lembro-me tanto daquela manhã porque ela me olhava como se eu fosse a maior criminosa de todas por lhe ter arrancado aquela luz idiota que brilhava dentro dela, mas isso era o mínimo que eu poderia fazer para a salvar. E tenho a certeza que se ela me vir hoje, que me irá agradecer. Porque naquele espelho ela não está mais sozinha. Ela tem uma das suas maiores amigas de hoje em dia, alguém que ela conserva dentro de si mesma, no lugar onde aquela luz tão grande residia, e decerto que amanhã mais um pedaço de vida se juntará a ela, e juntos farão um pedaço de passado para lembrar alguém de um presente que não foi vivido mas foi sonhado. E penso que até voltou a fazer algo que se tinha esquecido de fazer por muito tempo… ela começou a sorrir. Não pelo ontem, nem pelo amanhã, mas pelo hoje que tinha sido tão delicadamente trazido por alguém não sonhado mas sentido,e que um dia voltaria a nascer.
E tenho a certeza que mais cedo ou mais tarde o medo dessa pessoa tão esperada vai passar, assim como tanta coisa por ela passou antes de mudar e de se deixar tantas vezes a ela mesma, entregue a sentimentos confusos e tantas vezes opostos, antes de enveredar pela loucura crescente que tanto luzia no seu coração. Vai sobreviver como sempre sobreviveu, levantar-se como sempre se levantou. E vai ser ela mesma, dentro de si mesma, e cada vez que olhar naquele espelho. 


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

wι∂є αwαкє


Então, abri os olhos. Abri os olhos e depois de tantas horas a pensar inconscientemente, a acordar de um sono pouco profundo de tempos em tempos, senti-me exausta. Drenada. Como se a minha alma se tivesse esvaziado durante aquele tempo de descanso tão impuro. Como se toda a minha dor tivesse aumentado numa concentração aquosa de todas as lágrimas que podia ter chorado e não chorei. E os segundos vão passando enquanto eu repetia o que já era tão hábito fazer diariamente. E dessa vez não pude evitar pensar. Não pude evitar cair naquela mágoa tão grande que tanto alcançava o meu coração, enquanto eu desejava fugir de mim mesma e não ter ouvido aquelas palavras que passaram a barreira imposta à minha alma e tocaram o meu espírito de maneira tão cruel e fria. Toda a minha paciência e concentração foram abaladas pela vibração daqueles sentimentos tão antigos que eu já nem reconhecia como sendo meus. Então caí, como um anjo de asas brancas e puras a quem foi tirado o coração, anjo esse que criou um ódio tão grande por si mesmo e para com o mundo que as suas asas se tornaram negras como o ébano. E entendi então que nada em mim estava pronto para sentir. Nada em mim estava pronto para estar exposto à mágoa e ao sofrimento. Nada em mim estava pronto para amar. E portanto ali estava eu, junto àquela porta gigante que servia de passagem para o mundo pertencente ao meu coração, sem sentir, desprecavida. E tinha tentado tanto passar pela porta que estava marcada de todas as tentativas vãs de conseguir o meu coração de volta. O que eu era, perdi. O que eu senti, não sinto mais. Fui abandonada à sorte de um pensamento contínuo e insaciável, de uma alma impura e inquieta que não me deixava viver a não ser na sombra, pois todo o meu ser fugia da luz. E cada vez mais me sentia arrastada para um mundo que não era o meu. Sentia pedaços de mim serem roubados e estilhaçados, contra uma parede invisível que eu quase passara a temer. Eu era a escuridão, não a luz. Eu era, e sou, a dor. O sofrimento, as lágrimas reprimidas e a falta de sentimentos de culpa. E essa sou eu, independentemente do que faça ou diga. Sou um conjunto de pedaços de nada, que se revolta de quando em vez para perder pequenos pedaços e pequenas qualidades adquiridas. Sou como uma águia que voa alto, mas como um boomerang que volta sempre ao mesmo lugar de onde outrora partiu. Eu sou, meu bem, o início e o fim. Sou uma poça de dor e cansaço. Sou uma mentira vivida, uma canção inventada. Sou a pessoa que acorda e não sente. Sou a pessoa que deseja tanto mas mente. Sou a perdição do sol, a escuridão tentada. Sou um pedaço vazio de tudo o que havia e se perdeu, até não sobrar nada.
E finalmente, meu amor, sou aquela que tens de deixar a cada amanhã. Sou aquela que tudo estilhaçará, independentemente do que sinta, independentemente do que faça. Sou um destino vazio, um ponto de vista mais além, preso a uma eterna fuga da luminosidade do dia. E é por isso que tenho de partir. É por isso que não posso ficar. É por isso, que para não ser uma desilusão tão grande, tenho de dizer adeus, esquecendo todos os meus egoísmos e vontades, e abraçando a escuridão onde tantas vezes encontrei a paz. Porque no final de contas, apenas preciso de um sítio escuro e quente, onde possa sempre voltar. 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

¢нυνα

Chove. Chove cada vez mais fortemente. E eu sento-me aqui sozinha ouvindo a chuva. Não a posso sentir, apenas ouvir e desejar que ela parasse. E está frio, frio como o gelo que por tanto tempo cobriu o meu coração . Frio esse onde eu queria voltar. Porque ao menos no frio eu tinha paz, e no frio eu me consolava.E quase tenho saudade de não dormir, de não pensar, apenas viver e estar lá cada dia de manhã como se nada se passasse. A minha sanidade dependia disso, eu dependia disso, e talvez seja isso que me falte. Aquela pura inconsciência que me levava a todo o lado, ao mais pequeno infinito, e depois me embalava de volta á realidade, aliviando toda a minha angústia, apagando todos os meus erros, dando asas ao demónio que eu mantinha aprisionado dentro de mim e fazendo-o ganhar novas dimensões enquanto a minha consciência era transformada em algo maleável e de existência suportável. Transformando-me num ser minimamente aceitável para mim mesma. Não obstante da dor que me inundava, conseguia ter a frieza suficiente para levantar a cabeça bem erguida e não me desmoronar. Porque eu podia não dormir, podia estar completamente quebrada, mas ainda tinha o meu orgulho. Ainda tinha a minha posição, a minha tentativa de me erguer no meio do caminho que estava cheio de pedras e buracos. Era o meu manual de sobrevivência, criava anti-corpos para uma doença chamada amor, e vivia então presa em mim mesma mas tão livre como uma águia, sentindo tudo tão longe e tão perto, tudo tão alheio a mim, aproveitando a névoa que tão gentilmente toldava a minha mente. E isso consertava um mundo outrora quebrado, e fazia desse mundo um local de resistência, de consolo e sobrevivência mas principalmente de força.
Porque agora a chuva cai, e é impossível de parar.


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

qυєяι∂α ρєѕѕσα qυє єυ ταητσ αмανα (18/09)

Ontem acordei e lembrei-me de ti. Como sempre, não estavas lá, mas houve algo, e eu não sei qual é o poder desse algo, que atraiu o meu pensamento para ti. E, como sempre, olhei para o tecto e controlei tudo de novo. Porque ao pensar em ti nada pode ser descontrolado. Não podem cair lágrimas, não pode haver sentimento.  Não pode haver tu, não pode haver nós , e nada pode fugir. Tem de haver aquela frieza calculista em que cada percentagem de sentimento é destinada a determinada coisa e a partir daí é apenas gelo. Não há mais nada, mais nada a dizer , fazer ou sentir. Sinto falta do calor, admito, mas o frio é confortável agora, estando exactamente no mesmo lugar em que comecei. O sentimento é semelhante a outrora, no entanto desta vez estou mais consciente de certas palavras como "mentira" e "engano".
O dia de hoje começou brilhante, com um pôr-do-sol quente, mas depressa foi escurecendo até não sobrar mais nada que nuvens cinzentas no céu. O peso da consciência foi algo mortal. Torturou cada pedaço da minha mente, colocando o meu coração, já de si abalado, num beco sem saída e negro como breu. A vida parou por momentos, deixando-me apenas com os meus remorsos do meu comportamento tão errante, das promessas feitas que talvez não se possam vir a quebrar. De frases perfeitas perdidas com o tempo, como um dia eu me perdi em pensamentos de ti. Quando os dias são negros, sinto falta disso. Do sol, do calor, da liberdade de todas aquelas pressões do dia-a- dia. Agora tudo é diferente, as coisas têm pouco valor. Até os meus sentimentos têm pouco valor. Foram encobertos, roubados, mortos e agora recentemente enterrados. A dor adormecida é mais incapacitante que a dormência com que cobri o meu mundo. Quando não durmo sinto aquela parte pensante adormecida, não há filtro pela qual a tua ausência passe. A dormência é tudo. Tornaste-me no que sou agora. A falta de vergonha, de sentimentos, de medo. Por vezes sinto culpa, a minha tão grande culpa, a alegria pura indo embora lentamente, deixando o frio no lugar das emoções, dando uma paz cada vez mais completa.
E a paz da dormência toca o meu peito enquanto vivo, e toca a minha mente enquanto caminho. A paz conduz o gelo ao sítio certo, impedindo-me de cair enquanto me coloco naquela ponta do precipício onde fui tão condenadamente levada.


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

ραℓανяαѕ, ραℓανяαѕ...


Querida pessoa que eu tanto amava…

Espero que estejas bem. Que um dia sejas feliz, que tenhas sempre amigos e que ninguém te odeie. Eu não te odeio. Também não te amo. Tenho um vazio no lugar do meu sentimento por ti. Talvez seja bom, talvez mau , não sei. Espero que um dia me dês as respostas que procuro, que eu saiba o que causou o fim. Espero também que nesse dia eu esteja igualmente bem, feliz e que tu vejas que superei a tua ausência. A tua ausência doeu, magoou, mas não dói mais. Quando alguém diz o teu nome eu apenas penso na pessoa que conheci, não em ti hoje. E esse pensamento dura cerca de 2 segundos, até ao momento em que eu me rio e lembro-me que sou tão mais feliz agora. Se eu tivesse de dizer que não sinto completamente a tua falta, estaria a mentir. Sinto. Ás vezes, quando estou prestes a adormecer, em dias cansativos, penso no mesmo em que pensava há uns meses, mas depressa me lembro que me tornei uma sobrevivente graças ao que aconteceu e que só tenho de continuar a lutar e a sorrir. Derramei lágrimas por ti. Sei que não vales nenhuma delas. Podias ter tido tudo, podíamos ter tudo, ambos acabámos sozinhos e sem nada. Não me importo que haja a próxima para ti. Ao contrário do que sempre pensei, não terei pena por mim, mas pena dela. Tenho medo que lhe faças o mesmo.
Espero que um dia entendas que faria tudo por ti, por nós, mas que agora faço tudo por mim. Quero que saibas que esperei por muito tempo que um dia aparecesses à minha porta e eu pudesse ir a correr ter contigo, abraçar-te e ter aquela sensação de nunca te querer largar. E esperei por perder esse sentimento, e vou perdendo pelo caminho. Já me pareceu ver-te na rua… sei que congelei, e que se fosse hoje provavelmente viraria costas e sorriria. Não quero que sintas a minha falta, nem que voltes. Porque fizesses o que fizesses eu ia ter sempre ter estes 54 dias na minha cabeça…
Ao perder-te, perdemos tu e eu. Eu, porque eras o que eu mais amava, e tu porque eu era a pessoa que mais te amava. Mas, de entre nós dois, quem mais perde és tu, porque eu posso amar alguém mais do que te amei a ti, mas tenho certeza que mais ninguém te amará como eu amei. Não há ninguém que vá chorar por ti tanto como eu chorei. E acredita, não chorei de fraqueza porque não sou fraca. Chorei de saudade, saudade daquilo que julgava termos. Não acabou por falta de saberes o que sou, pelo contrário, mostrei o meu mundo inteiro, e pensava também conhecer o teu, mas enganei-me. Não me arrependo de te ter conhecido, o tempo passado contigo foi uma lição. Aprendi que nem sempre se pode confiar em “amo-te” e que nunca se brinca com o mesmo brinquedo a infância inteira. És passado, nada mais que passado. E hoje de manhã acordei e sorri. E sabia que hoje ia ser um dia bom. E foi um dia excelente, mesmo sem te ver, mesmo sem saber de ti .






sexta-feira, 10 de agosto de 2012

ℓ-ι-f-є


Nascemos. Vivemos. Morremos.

 É assim que funciona. E na parte de viver temos a dor. Ela nunca desaparece. Nunca diminui. Simplesmente esquecemo-nos dela ás vezes. Tentamos transformar o mundo para que não doa tanto, e sabes… Ela ainda aumenta mais. Não podemos viver sem dor assim como não podemos viver sem amor. Considero isto um equilíbrio no mundo, como o bem e o mal, a luz e a escuridão. Tudo tem o seu preço, tudo tem o seu oposto. Tudo muda, tudo avança, nada pára. E sabes aquela pessoa que se agarra sempre ao passado? Acaba por perder muito… portanto cuida dela. Se um dia sentires falta de alguém, diz-lhe. Não fiques à espera que o tempo passe. Talvez essas palavras façam realmente diferença. Nunca percas a esperança. Continua a acreditar, mesmo que tudo esteja contra ti. Nunca deixes de sonhar, cantar alto e dançar quando ninguém vê. Não deixes de sorrir, amar, desejar, porque tudo isso é viver. Comparado com o que podes ter, a dor é apenas um pequeno preço a pagar. Um dia vai acabar por chegar aquela pessoa que vai valer cada lágrima que choraste, todas as vezes que te desmoronaste e que te partiste em pedaços enquanto soluçavas sozinha. E essa pessoa nunca te vai deixar ir, porque vai compreender o que significas. Vai apoiar o teu coração, conquistar o teu mundo, e fazer-te feliz. Mas talvez… talvez não seja para sempre. 
O mundo gira depressa, por isso não nos devemos agarrar… Devemos deixar-nos ir, descontrolar-nos quando o devermos fazer. Devemos ser livres como pássaros e voar. 

Stay Strong*

terça-feira, 24 de julho de 2012

ηãσ τє cσηнєçσ...


Não te conheço.
Apenas sei o teu nome, assim como tu sabes o meu.
Nenhum de nós se conhece.
Nunca senti o calor do teu abraço ou o teu cheiro. Nunca te vi, nunca te toquei. Nunca me viste, não sabes o som da minha voz nem a cor exacta dos meus olhos.
O mais incrível é a maneira estúpida em como eu ainda olho para todo o lado à tua espera. À tua procura. Porque incrivelmente ainda tenho esperança. Esperança essa que diminui de dia para dia, até , num certo momento nesta cronologia, já nada restar.
Nunca me viste sorrir, nunca te vi caminhar.
Estou ciente da tua existência, da tua presença muda que partilhas comigo por breves momentos na tua mente. Então finges que nada muda. E eu finjo que para mim tudo é igual.
Ambos construímos uma vida baseada em sonhos vazios. Em escombros do passado, teus e meus. E ás vezes penso em nós, sabes? Vejo-nos sentados no meu sofá, a rir. Vejo-nos juntos a passear. Vejo-te antes de fechar os olhos quando adormeço. Por breves segundos, gosto de fingir que lá estás a abraçar-me. Impede que eu me sinta tão só, tão vazia, no único momento que tenho só para mim. No entanto, sei que não é real… Sei que somos existências separadas, na ilusão de um para sempre que nunca chegará. O mundo não nos conhece aos dois e não somos donos de nada. Estamos separados por montes, vales, estrelas e casas. Quilómetros, milhas, metros, horas de viagem.

Não me conheces. Eu não te conheço.
E talvez nunca venhamos a conhecer-nos.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

∂αγѕ

Há dias em que simplesmente não consigo sorrir. Os dias de chuva não têm de ser tristes, mas dias de gelo no coração não são dos melhores. Há dias em que não choro, porque as lágrimas valem demais para assuntos que o vento leva e que rodopiam em seu redor. Há dias em que sinto que o meu coração não bate, e que tudo vai ser pior do que aquilo que já é. E no fim dos meus dias, olho para trás e vejo o que já foi. Vejo-te, vejo o mundo. Vejo como o mundo é teu e tu dele, e a maneira como as coisas flutuam em redor desse mundo que tudo constrói e tudo destrói. E a vida, essa, passa lentamente, e tão rapidamente por vezes que num piscar tudo muda. E pensamos nas escolhas, nas mudanças, nas tentações que ultrapassámos. Nas lágrimas que chorámos, sorrisos que sorrimos, abraços que demos, canções que cantámos...
A vida é feita de olhar para o passado e aprender com ele, e ás vezes até mesmo esquecer tudo e construir um novo futuro, não com quem um dia amamos mas com quem na verdade nos faz bem.  O passado e o presente vão um dia fazer o futuro, e temos de admitir a nós mesmos que se não os tivéssemos não poderíamos ser felizes um dia.  Lembro-me do amor que senti por ti. Lembro-me de como o mundo passou por nós, de como a vida nos separou de modo tão inteligente, e de maneira tão dura. Não vou esconder que  sinto falta do que um dia houve em mim, nem vou esconder que apanhei as memórias todas e as gravei no meu peito, como uma lição, como força para o futuro...



I have died everyday waiting for you
Darling don't be afraid I have loved you
For a thousand years
I'll love you for a thousand more

And all along I believed I would find you
Time has brought your heart to me
I have loved you for a thousand years
I love you for a thousand more


α ∂яσgα ιιι - α яєαвιℓιταçãσ ∂α gυєяяєιяα (αвя. )


Minha droga, neste último mês desapeguei-me de ti enquanto vício. Relembrei-te dentro da minha alma como uma lição a aprender. Quanto mais negasse o que eras, mais desejo sentiria pelas injecções diárias e frias que me proporcionavas. Depois de tantos meses a sentir-te percorrer o meu corpo, soube que estava na altura de arranjar um novo vício. Bem, não totalmente um vício, mas algo que me sustentasse sem ti. E esse algo sustentou-me. Poupou a minha alma ao desgosto de não te ter. Cobriu a ferida enorme que deixaste no meu peito e que agora se refez. Foi como o arco-íris depois de um furacão. Tu sim, foste o furacão da minha vida, o que mais me abalou e confundiu os sentimentos neste coração já tão partido e merecedor de dó. E o quanto eu amava sentir-te correr pelas minhas veias, mudou. Percebi que viveria sem ti, sem a minha dependência. Percebi que também tu, minha droga doce, viverias sem a minha dependência de ti. E aos poucos fui-te deixando na gaveta, na seringa que tu tanto amas, na qual aprisionas todo o teu poder, e vida e saudade. Nada voltará a ser como foi antes de ti. Como poderia? Falo no passado mas nada garante que a nossa separação seja eterna. Foste tu que ao longo de meses de sofrimento me conseguiste ainda assim levar para longe da escuridão. Porque eu achava que não eras a escuridão. Eras o bem e o mal numa só figura. E tantas vezes chorei por ti, pelo vício, por sentir o teu cheiro no ar e a tua presença por perto? Quantas vezes, minha droga, evitei estar perto do mundo apenas porque coexistias no mesmo corpo que eu? Voei contigo presa na minha alma, cedi ao vício doentio que me fazia querer que corresses pelas minhas veias. Fui fraca chorei. Mas por chorar também fui forte, quando não podia mais com a minha ligação a ti e tentava despedaçar contra a parede dura e fria.
E agora acabou… E sabe tão bem respirar de novo. E sabe tão bem viver, cantar, sorrir, sentir a vida em mim, a vida livre, sem ti, sem a tua presença, e sentir que o meu coração poderia bater mesmo sem ti. Acredita, eu só precisava de uma oportunidade para deixar… Tive, deixei. E agora vivo, não para sempre, mas por um longo período sem ti, para melhorar o que deixaste partido, para curar as cicatrizes das nossas feridas, e aprender a ser eu de novo. 




sábado, 21 de julho de 2012

ρяσcυяσ-τє...






Neste momento coisas de que eu tanto gostava estavam a tornar-se um peso. Uma obrigação. O vazio ficava em lugar da importância que outrora todas aquelas coisas tinham tido para mim. As coisas mudam, as pessoas mudam. Estamos sentados numa cadeira e o tempo faz com que à nossa volta tudo mude. As memórias, essas, ficam guardadas em pedaços selados da minha mente. Partes essas onde um dia eu te guardei, onde secretamente te visitava todas as noites antes do sono profundo tomar conta de mim. E ainda agora eu te via na minha mente, lembrando-me de pequenas lições e de grandes feitos num pequeno coração. No meio de tanta coisa que esqueci no passado, vieram à mente conversas à chuva, desabafos escondidos e murmurados ao vento. Lembrei de como a caneta deslizava pelo papel, querendo ocupar sempre mais e mais espaço, entre pensamentos confusos de uma mente abalada pelas memórias. Agora escrevi tudo num papel e talvez o enterre. Talvez, tal como fiz com aquele papel perfumado, encerre um capítulo. Tanta coisa mudou em segundos. A importância do mundo era relativa comparada a sentir os teus lábios movimentarem-se contra os meus, algo que eu jamais sentirei… Algo que deixei de acreditar ser possível. Não devido a sentimentos vazios, porque o nosso copo não era meio vazio, era meio cheio. Éramos nós meu amor, e as nossas lembranças. E veio uma onda do mar e lavou a minha alma, ficando apenas a realidade dos nossos actos onde o carinho um dia teve lugar. Onde a mente se organizava a si mesma… Onde o que ontem foi e hoje já não é. Talvez ninguém entenda o que sinto, mas eu queria saber se me entendes, se me ouves, se me queres, e se ao fim de tudo, dentro de ti, ainda me procuras. 

segunda-feira, 25 de junho de 2012

σѕ нσмєηѕ, νєяηιzєѕ, ѕαℓτσѕ αℓτσѕ є ∂σяєѕ ησѕ ρéѕ. α ѕιησηiмια


Parece não haver semelhança, certo? Eu ajudo.
Ontem, estava eu numa demanda por um verniz cor-de-rosa, quando notei, no meio de tanto verniz, que os vernizes e os homens têm semelhanças incríveis!
Bem, talvez eu pusesse de parte a secagem rápida, mas sim.
Em primeiro lugar, ambos têm muitas utilizações. Ambos nos irritam profundamente quando estão gastos e já não há mais nenhum, porque eram edição limitada.
Ficam bem nas nossas mãos, e alguns até nos pés. Também “saem fora dos eixos” e borram a pintura toda. O que não é NADA boa ideia.
Tal como o verniz, os homens são postos na prateleira. Há de diversos tamanhos , marcas e feitios. E quando temos um, há sempre um sujeito ou uma sujeita que pergunta onde arranjámos.
Há quem não goste, há quem adore, há quem goste de vários. Há quem só queira um, e quem tenha dezenas deles, e não goste de nenhum. E sim, isto é válido tanto para os homens como para o verniz.
Há aqueles que precisam de segunda camada, os que brilham no escuro, os com brilhantes, os endurecedores, e os edição limitada. E, tal como os vernizes de edição limitada, a partir do momento em que eles existem, temos de palmilhar muito para obter determinada coisa. Enfim, é a vida! 

Quanto aos sapatos de salto alto... Deixam as raparigas bonitas, o que me faz ter a certeza que uma mulher amada, é uma mulher bonita. Isto relaciona-se porque os homens (decentes) dão-nos segurança. Tal como os saltos altos de plataforma. 
Depois há aqueles que são confortáveis e que mesmo que doa um bocadinho ou faça bolha , não nos conseguimos separar deles. E depois há aqueles que fazem bolha, calo, e doer para carago, e mesmo assim continuamos a insistir em usar os raios dos sapatos, como se um dia aquilo fosse mudar. Aquilo pode mudar um dia, mas também pode não mudar. Mas a esperança mantêm-se.
Há aqueles em que vamos a andar na rua e partimos o salto. E quando se parte o salto entra-se em pânico. 

E, como pessoa que adora ténis, não quero dizer que os homens sejam algo acessório,  mas como eu já ensinei á minha pequenina, as princesas precisam de príncipes, mas as guerreiras salvam-se sozinhas. E olha que normalmente, se a princesa não se mexe, é comida pelo dragão. 

quinta-feira, 7 de junho de 2012

υм τєχτσ cσм "ρózιηнσ" *


Chegará um dia em que te habituarás á minha ausência por breves minutos. Depois, esses minutos vão passar a ser horas. Essas pequenas horas transformar-se-ão em dias, que pouco a pouco formarão semanas. E, inevitavelmente, essas semanas farão um mês que levará a outros meses. Chegará o momento em que te vais esquecer do meu riso e do som da minha voz. Pouco a pouco, vais esquecer as coisas que me faziam rir, o pouco que sabias sobre mim. A isso, seguir-se-á a minha morada, a minha idade, o meu nome. Tornar-me-ei numa lembrança tão vã que não terás mais nada do que te lembrar. Alguém te falará de mim, e tu simplesmente agirás como se nunca me tivesses conhecido. Todos os dias, eu sentirei a tua falta. Contarei os segundos sem ti e com eles farei um livro. Lembrar-me-ei dos nossos segredos, das nossas promessas, não interferindo na tua vida para que me esqueças ainda mais. Vou lembrar-me de cada palavra, de cada frase, de cada suspiro. Vou lembrar-me de ti a cada dia da minha curta vida. E, no entanto, agirei para que não te lembres de mim. Vou ver-te ser feliz, construir uma vida nova ao lado de alguém, enquanto eu vou guardar as minhas lágrimas para mim. Vou sair dos teus sonhos e ela irá preenchê-los por mim. Ela irá dar-te o que eu não te pude dar. Quando te habituares completamente á minha ausência, quererei desaparecer de verdade. Quererei construir algo novo, sem ti. E vai custar-me tudo, tal como eu sempre soube que custaria. Nesse dia, o arco-íris irá desaparecer para mim, e eu saberei que me esqueceste.



E tentarei desaparecer. E quando o tentar fazer, não me deixes. Abraça-me, chama-me de tonta, ri-te da minha teimosia. Diz que me amas. Porque se me amares, não terei de te deixar ir, porque aí eu serei o melhor para ti, e tu o melhor para mim.
 Sê meu, e eu serei tua. 

domingo, 3 de junho de 2012


«March, 12.  - E um dia talvez repares que não estou mais aqui. E aí vais perguntar-te onde estou. Vais ter saudades de quem fui, e vais arrepender-te. Mas eu não pude esperar pelo teu arrependimento. Nem que dissesses que lamentavas. Não pude continuar na ilusão que um dia abririas os olhos. Porque não era o que me competia. Não era esperar. Porque, esperar por ti era como esperar pela chuva. Uma completa perda de tempo. E como vês, na verdade, continuo a escrever sobre ti. Talvez para aprenderes. Talvez para partires. Talvez porque é uma lição.»


Today - Mas principalmente, porque tenho medo que me aconteça o mesmo de novo. Que mais ninguém lamente. Que eu perdoe, perdoe, e perdoe de novo, e tudo acabe exactamente da mesma maneira. Tenho medo porque, substancialmente não me posso dar ao luxo de confiar. E isso mata-me. Pedaço a pedaço. Achas que acredito que vai ser tudo um mar de rosas, e que vai ser como nos filmes na Disney, e no feliz para sempre? Não. Acredita, não sou o tipo de pessoa que se possa dar ao luxo de acreditar nisso. E a culpa talvez não seja tua, talvez seja minha. Talvez eu tenha dado demais. Talvez eu não consiga ver mais nada senão as coisas más. Mas há coisas das quais eu não tenho culpa. Da dor. Dos pedaços partidos. Das conversas que tanto disseram sem nada se ouvir. Disso, nada tenho culpa. Disso, nada me arrependo. E por mais que isso seja o pior de tudo, é impossível me arrepender de algo assim, porque fez de mim o que sou. Fez de mim a pessoa que tem medo. E sabes, nem tenho problema em dizer que tenho medo. Faz de mim humana. E a nossa humanidade é o que nos define a todos.
E sabes o medo? Um dia ele vai desaparecer. Assim como tudo o resto desapareceu quando eu precisei que desaparecesse. Assim como eu pedi para que tudo mudasse e tudo mudou. E foi devagar, progressivo. Para habituar todas as moléculas do meu corpo á ausência. Para habituar todas as partículas do meu coração à liberdade. E tudo isso custou, mas tudo isso me fez viver. 




sábado, 2 de junho de 2012



Já desejei ser dona do mundo. Olhar e ver acontecer, sentir no meu coração o bem, o amor, tudo de bom. Também desejei o que não podia ter. Erro, maldição, coisas fúteis, não interessa. Olho pela janela e vejo um novo amanhã. Se tu existes, eu existirei, e nós existiremos, num mundo. Esse mundo, que não é teu nem meu, será nosso, apenas para o podermos guardar. Quando achamos que a vida já não vale nada, caminhamos entre a erva e achamos uma flor. Olhamos vagamente para as nuvens e vemos o brilho do sol entre elas. Em tudo, há esperança. Se deixarmos de acreditar, para quê viver? Para quê deixar-nos condenar, para quê deixar bater um coração vazio, que nada preenche, em que nada vive. Um coração que quase não bate, apenas o faz por hábito. Que pode ter sido partido tantas vezes que pode já não voltar a bater na próxima. Quando isto acontece, usamos cola. Achamos que a cola vai durar sempre, que seremos sempre fortes , que nada nos derrubará. Doces mentiras, doces enganos. Tecemos uma teia, onde a felicidade morre a cada dia pelo engano. Pela mágoa. Vivemos algo que não é nosso. Quando isso acaba, o que podemos ter? Olhamos para tudo e vemos que não lutámos. Preferimos, viver, essa doce ilusão, e não olhar para trás. Afinal, quando a vida nos oferece uma chance de sorrir, a primeira coisa que fazemos é aceitá-la , mesmo sem saber que é real, que é nossa, que tem o nosso nome escrito a caneta de acetato, daquelas que não se podem tirar.

Ás vezes achamos que tudo é para sempre. Ás vezes, não é. Ás vezes encontramos o nosso destino ao virar da esquina e uma simples frase pode mudar tudo, desde que signifique algo, que seja sincera, que venha misturado com um cheiro a sinceridade, como cheiro a chocolate. Aceitas a mudança. És abençoada. Rejeita-la. Perdes tudo. Quando te dão algo, quando a vida te dá algo, não podes desperdiçar. Primeiro, tem de ser real, depois, fica para sempre.

E assim, há a sobrevivência. Vencer os demónios, superar o medo. O medo que tanto destrói e tanto condena. Tirar o peso de cima das costas, o peso que antigamente tanto torturava, o peso que um dia foi o criador de todo o tipo de desgraça. O peso que, acabou por desaparecer, pedaço a pedaço, pedaços esses que eu partilhava com a alegria de tentar ter o que nunca poderia ter. Alegria essa que se tornou na minha maior desgraça. E tudo isso desapareceu. E não voltou mais.



 

Eu poderia dizer imensas coisas. É, eu podia. Mas nada do que eu disser fará sentido. Porque, de alguma maneira, nada seria comparado ao que realmente é. Quer dizer, já tentaste descrever um pôr-do-sol? É lindo, brilhante. Mas que diz isso sobre o que significa no coração de cada um? Será apenas mais um pôr-do-sol? Será aquele que mudará toda a vida da pessoa, em que todas as decisões são tomadas e aceites por determinado ser humano, e que aí todo um novo futuro se constrói?
E eu não posso descrever um pôr-do-sol. Assim como não posso descrever isto. E podia fazer disto uma teoria. Algo que não se pode explicar é directamente atingido pela Teoria do Por-do-Sol. 
Mas isto digo eu, que gosto de divagar xD



"Love doesn't make the world go round. Love is what makes the ride worthwhile"


Lσѕτ *


Era suposto eu estar bem. Na verdade, radiante. Ainda mais, perfeitamente feliz. Mas não estou. Hoje, em vez de sair, fiquei em casa. Sentia um peso enorme. Não sei se eram as lágrimas reprimidas. Não sei se foi aquele regresso ao passado tão repentino que de repente me passou pela cabeça, pela cabeça do ser humano fraco que sou. Nem sei se foi de acordar sem ter dormido tudo. Não sei. Mas, não consigo… Eu, não sei.
Em primeiro lugar, há pessoas a quem eu devia pedir desculpa. Pessoas a quem magoei. Pessoas que me magoaram. E o mais difícil é não ser capaz de o fazer. Ou se for capaz, não ser o suficiente. Pela primeira vez na minha vida, neguei aquele instinto de vingança e maldade tão característico meu. E apeteceu-me pedir desculpa. Mas não pedi. E queria que tivessem pedido desculpa. E não pediram.
Em segundo lugar, não entendo como podemos ter o que sempre quisemos e estar, ainda assim, insatisfeitos. Será que o ser humano nunca se contenta? Livrei-me da droga que tanto me atormentava. E isso, para alguém tão casmurra, repetente e cansativa como eu, foi uma grande vitória. Sabes aquele sujeito que vem num cavalo branco, por quem tu esperas toda a vida? Ele não vem num cavalo branco, nem veste fatinho branco, nem é perfeito como nos filmes da Disney. Esse sujeito é humano. E é, ainda assim, o mais próximo de perfeição que se pode encontrar, por isso, não devemos deixar esse tipo de pessoa ir embora.
Em terceiro lugar, continuo a sentir-me sozinha hoje. Não sei se é por causa da exaustão tão acentuada que me obrigou a adormecer em cima de um pequeno trampolim. Aliás, nem me lembro do que a rapariga que estava a dormir pensava. Porque ela tirou férias neste preciso momento. E essa sim, tem sorte. Eu, nada sei, tudo digo e muito pouco acerto.
Eu, a minha humanidade tão finalmente definida, e os meus erros tão presentes, levam-me hoje a aceitar que o dia em que paramos de tentar, é o dia em que deixamos a terra engolir-nos. Porque é o que sinto agora. Mesmo tendo uma parte de mim que tem tudo o que sempre sonhou, a outra parte falta algo. É o puzzle incompleto, aquele que só aparece quando a exaustão chega. E não sei o que pode curar isso. Nem sei se vale a pena curar. Talvez devesse enterrar esta parte, tão exausta de sentimentos, tão retraçada e tão dorida. Como se tivesse sido atingida por milhões de facas. É como se tivesse a fazer o luto do que um dia eu fui, e do que parte de mim continua a ser.
Mas sabes, eu sou a fénix. Aquela pequena personagem que renasce das cinzas. Aquele pequeno animal que nunca desiste. Que volta, e volta, e volta. Assim como eu. Eu volto. Eu voltei, e vou continuar a voltar. Não sei porquê nem como. Não sei.
Eu quarto lugar, está o medo. O medo de me enganar, de errar, de voltar a cair na minha tendência imperfeita de acreditar e sofrer, e desse ciclo se repetir vezes sem conta, sem eu na verdade dar graças do que tenho, ou do que um dia tive. Simplesmente tornou-se imperativo não deixar o coração morrer. Fazê-lo continuar a bater, independentemente de tudo. Sem parar. Sem doer. Tentar. Não desistir. 



«Ás vezes as pessoas choram quando estão felizes. E não é por quererem estar infelizes, ou por serem loucas. É porque mesmo quando estão felizes, ainda sentem que falta algo. Porque mesmo quando o sol brilha o arco-íris ainda tende a aparecer, pelas lindas gotas de chuva que caem da nossa alma. E sim, a alma chora quando não tem quem a complete. Porque almas sozinhas são almas vazias, sem nada dentro, sem nada saber. E cada lágrima que cai contempla toda a sabedoria dessa lágrima, ali, quieta e rolando pela face abaixo

quarta-feira, 11 de abril de 2012



Prefiro que vás embora em silêncio, saias, "bazes", não te importes.
Prefiro tudo isso a que fiques, me faças importar e no final isso não
chegue. Prefiro morrer a amar-te do que perder-te, mas a odiar-te
aprendo a viver sem ti. E se te odiar, como posso eu amar-te? Como
posso eu passar pela confusão de sentimentos de novo? Sim, o meu
coração aprendeu. Não, não vou voltar a errar de novo. Cresci no meio
disto tudo. Lutar contra os meus sentimentos sempre foi a minha pior
luta, mas mesmo que os admita a luta é sempre ganha por mim. Não por
eles. Porque como eu digo tantas vezes, quem manda é o cérebro.E a
droga quase foi embora, fazendo-me acreditar numa vida limpa e sem
medos. De repente, voltou, e não veio sozinha. Veio devagar. Calma,
como de modo a predar-me, quente e preenchente, fazendo-me manter a
respiração lenta e acreditar que estava tudo bem. Enquanto isso,
infiltrou-se por debaixo da minha pele tão marcada pelas cicatrizes
invisíveis ao olhar comum. E se tu pudesses ver, sentir, saberias.
Saberias que o ferro é cristal e que se parte a um só toque. Saberias
que o mundo tem um fim marcado, e que para esse fim tudo se destina a
que não seja feliz. Tudo mudou desde que a droga veio. Tudo mudou
desde que veio mais do que ela. E comecei a ser torturada, não só pela
droga, mas pelo que veio também. O sol veio, mas foi embora. As nuvens
cobriram o meu coração. E eu tive medo. Tive muito medo. E quando tive
medo estive sozinha. Por isso é que não me quebro. Porque sei o que é
estar sozinha quando dói, o que é não ter absolutamente ninguém
enquanto tudo é quebrado e estilhaçado á minha volta. Eu sei. E se um
dia souberes vais entender a razão pela qual certas pessoas vão
olhar-te de lado. Vais entender o que é ter um coração vazio e ao
mesmo tempo preenchido. Simplesmente, entenderás.
O mundo vai parecer-te diferente, as pessoas vão começar a achar que
mudaste. Que te tornaste alguém mais fechado. Mas sabes que mais? Tu
vais achar que o mundo acabou. E , amor, isso não é verdade. Pensa
comigo. Enquanto tu tiveres em depressão, vais ver pessoas a andar,
mas elas não te vão parecer importantes.Mas vão ser. Um dia. Não hoje,
nem amanhã,nem depois. Mas mais tarde vais desejar que elas sentissem
o mesmo. E depois vais querer que elas vissem como as coisas são. E
elas não vão ver. Sabes? Algumas passaram pelo mesmo. Mas não mostram.
O truque é este: Sobreviver. O mundo vai-te cair em cima, mas tens de
te levantar, sacudir o pó desse rabiosque bonito e continuar a luta. E
porquê?

Porque ninguém o fará por ti.


sábado, 3 de março de 2012





Sabes que mais? Acredito nas coisas simples. Aliás, eu amo as coisas simples. Amo ver o sol todas as manhãs, amo ver as flores, amo as minhas amigas. Amo falar de rapazes com as minhas amigas. Amo sorrir. Amo cantar, dançar e fazer figuras tristes. Amo ser feliz, sem efeitos computacionais, apenas felicidade no estado puro. Amo os saltinhos de contentamento quando algo bom acontece. Amo sentir o meu coração saltar á voz de alguém que tão bem conheço. Amo conversar, parvoíces, e amo a luta. Não gosto do que dói, mas amo o que vale o esforço. Amo simpatia, amo carinho, e principalmente amo quando dizem que me amam. Amo chorar á chuva, amo falar com as minhas irmãs de longe e amo pensar no que me faz sorrir tantas vezes. Adoro a minha cara quando não percebo algo, e quando desvio a minha atenção de uma coisa para outra. Amo tudo. E também há as pessoas que eu amo ter por perto. E as que eu amava ter comigo. E as que eu amava não ter perdido, as que eu amava não conhecer, e as que eu amava que me deixassem em paz. Amo o ar livre, acordar tarde, e queixar-me de acordar tarde, porque o dia está lindo é de manhã. Gosto quando me dão festinhas no cabelo, quando me abraçam e quando dizem que sou de confiança. Amo quando me dão razões para amar. Amo o sol, a lua, e amo quando eles aparecem ao mesmo tempo e a lua está bem branquinha, ali no meio do céu azul. Amo pensar que o céu é azul. Amo chorar com a minha prima, andar de baloiço com ela, rir dos meus defeitos e aproveitar as qualidades.


Amo tudo isso, mas gostava que você amasse uma coisa…

Sabe o que é? Eu digo ao teu ouvido…



« Eu » 

ℓσѕτ.


E considero-me perdida. Não sou a fortaleza que outrora fui, por entre soluços que rasgavam o ar frio que nos rodeava a ambos. Junto a ti tudo brilha. Mas serias tu capaz de tornar o sonho em realidade e juntar os pedaços do meu coração tão despedaçado e vazio? Sou brinquedo com defeito amor, que nem aqueles brinquedos que vão pra concertar em plena loja. Sou um avião de asa partida. Aceitas-me mesmo assim? Mesmo quebrada? Mesmo completamente perdida? Acolhes-me nos teus braços e mesmo assim aceitas ficar comigo? Juntar todos os pedaços do meu coração e fazer-me continuar a viver? Ser causador de cada respirar, de cada acordar sorridente, de toda a magia que não nos faz viver maquinalmente?
E se aceitares, ficas? E se ficares, é para sempre? Não me deixas, não me largas, não me abandonas?
E assisti a cada sonho derrubado, a cada lágrima que escorreu pela minha face já tão marcada pelo desgosto e pela raiva de toda uma tristeza que guardava de modo tão sombrio em meu coração. Coração esse que já não batia como antes, que tinha perdido a qualidade livre que em sonhos de outrora tive, e que antes voava como um pássaro que cantava nos corações puros das crianças, em que tudo é risos, sonhos, sol e uma brisa fresca.
(…)
E sabes o que penso? Talvez um dia saibas, talvez um dia saibas que foste, és e sempre serás a razão de tal pensamento, a razão de um certo sorriso num certo momento de alegria. És a esperança que me trouxe quem sou. E agora partiste do meu lado, mas eu continuo a mesma. A felicidade, essa, procurarei nalgum lugar que não seja teu, para que não ma tires como me tiraste a tua preciosa presença, que deixou um buraco tão grande na minha vida.




quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

αѕ єѕcσℓнαѕ


A vida é o que fazes dela. As escolhas. Os pensamentos, que influenciam cada simples batida do teu coração. Fazemos escolhas dia após dia. Por mais básicas que sejam estas escolhas, vão fazer de ti o que és. Trazem-te a tristeza e a felicidade. As escolhas mudam o teu mundo, constroem mundos paralelos, incorporam os sentimentos que habitam dentro de ti. E sabias que as escolhas dos outros também te podem influenciar? Bem, claro que podem. Se alguém escolher acabar com a sua vida e tiveres uma ligação a essa pessoa, não vais ficar feliz com a sua escolha na vida. E isso influenciará a tua própria vida, mesmo que não o percebas no momento, mesmo que só entendas mais tarde.
Então, meu bem, somos uma rede de escolhas, verdadeiras e falsas, humanas e desumanas, relacionando-se com outras redes de escolhas, que este mundo que tantas lágrimas nos dá diariamente.
Cada vez que assumirmos como tomada uma decisão, damos uma certa cor ao nosso mundo, e essa cor influenciará o nosso espírito. E nos nossos sonhos vemos o mundo, da cor das decisões que tomámos, onde gostaríamos de voltar atrás. E tenho medo de fazer as decisões erradas. Todos temos. Mas temos de assumir que a vida não é perfeita.
Já viste um pôr-do-sol? É lindo. É o terminar de um dia, o término da tristeza e da felicidade, dando início ao crepúsculo onde tudo espreita: os segredos, os pensamentos, o bater do coração acelerado. Trocarias um pôr-do-sol por uma floresta praticamente morta? Mesmo sabendo que o pôr-do-sol acabaria? Eu escolheria a floresta, com esperança de a salvar, com esperança de ver uma flor florescer nela. Porque a partir do momento em que florescesse, tudo passaria a brilhar, e a expectativa seria sempre mantida. A esperança estaria sempre lá. O pôr-do-sol duraria pouco, seria maravilhoso, mas apenas de aparência. Não seria duradouro. Não seria para sempre. A aparência nada pode contra a essência. É como colocar a mentira contra a verdade escondida, sendo a mentira bela demais., Escolhi o caminho errado mais de uma vez, admito, as resolvi levantar-me do chão e continuar. Acredito na essência, na flor que nasce na floresta morta após trabalho árduo. Acredito nas acções e nas palavras da essência e não nas do corpo.

Acredito que um via tudo irá correr bem… Porque não o faria? Tanta lágrima vale um sorriso um dia mais tarde. A felicidade está á tua espera, acredita, só tens de abrir a porta para ela poder entrar.




Erin*

féηιχ


E é neste inferno que vejo que já devia ter saído deste beco há muito tempo. Que devia ter-me desintoxicado há uns bons tempos, para voltar a saber quem sou. E silenciosamente espreito por entre as montanhas de lixo depositados na minha cabeça, como arquivos cheios de papelada desinteressante, em oposição á ordenação simples do meu coração, que tanto bate como falha uma batida, nestes sentimentos confusos partilhados pelas duas metades desse mesmo coração. E ambas as metades comunicam comigo, mas de maneiras diferentes. Uma delas dói, e transmite amor pela droga conhecida, transmite o vício, anseia pela adição que corrompe as minhas veias. A outra metade, meio adormecida, transmite a paz interna necessária á felicidade, a complexidade de outro segredo tão humano. A felicidade que quero alcançar longe da droga que nunca me abandona.
 E o tempo passa, devagar. E as palavras ecoam, num pobre coração. E os olhos enchem-se de lágrimas, perante as lutas diárias. E tudo o resto parece vazio, apagado pela borracha do tempo. E sufoco, contendo os soluços e as lágrimas, enterrando tudo dentro do meu peito vazio. E grito pela minha felicidade tão inalcançável, querendo vencer o poder da droga em mim. E quero a desintoxicação, mesmo que ela fuja de mim. Exijo desesperadamente a tua partida do meu coração. E desejo um mundo longe de ti, que me é oferecido agora pela impossibilidade que me abraça á noite. Sou como um pássaro, anseio por voar e partir, fugindo a correr do desespero que se tenta pegar a mim.
E sei que por mais que corra jamais me abraçarás e levantarás nos teus braços como eu tanto queria que fizesses. E ao contrário do que sempre esperei, o mundo sem ti sobrevive, o mundo sem ti continua. É diferente, parece frio, quase coberto de gelo, mas continua. E é isso que sei da vida. A vida continua. Depois de cada morte no coração, a vida continuará. Isto tem de passar para cada um de nós. Depois de sofrimento, lágrimas e de condenarmos tantas vezes o nosso julgamento a erros que nos custam momentos importantes; tudo continua. Tudo muda mas fica lá. Não é como uma flor que morre. É uma fénix que renasce das próprias cinzas. Isso é a luta. Renascer após cada morte. Ser uma fénix eternamente. E eu fui uma fénix tantas vezes, mas cansei de o ser. Preciso de um sítio onde repousar, de um sítio onde permanecer alheia á dor que a droga agora causa. Preciso de um sítio onde a morte e a vida não tenham sentidos banais, de um lugar onde o sol brilhe de dia e as estrelas cubram o céu á noite.
Será esse lugar ao teu lado?











terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

αll oνєя αgαιη


E encontro-me aqui, só mas tão acompanhada, e sinto-me abraçada pelo teu calor que mesmo à distância me embala, me acorda, me adormece. Ainda sinto o teu cheiro dentro dos meus pulmões, cantando à minha alma a quem ela pertence. E corres novamente veloz pelas minhas veias, drogando-me de novo como se isso nunca acabasse. Como se o sentimento nunca fosse terminar, como se todas as minhas tentativas de pôr um ponto final no vício fossem em vão. Seria sempre em vão. Posso correr, posso lutar, mas nunca me vou conseguir arrancar dos teus braços, da droga proibida que tem acesso ao paraíso onde tudo se completa e o que é correcto se destrói. E onde não foste embora, e onde ficaste comigo. Onde toas as palavras foram escritas e guardadas, e eu tentei queimar todos os cadernos onde tu estavas, e onde um anjo me impediu de o fazer. E esse anjo tinha asas negras, mas mesmo assim segui a sua voz. E acreditei que voltarias, e que me abraçarias de novo. Sonhei talvez, que se voltasse a sentir o teu toque magnetizante, tudo ficaria bem. Se eu voltasse a drogar-me, a deitar fora o correcto, a injectar-te dentro de mim com tantas seringas que as minhas veias seriam intoxicadas por ti, até o meu coração finalmente gelar com tanta droga. Gelava mas permaneceria alegre, iludir-se-ia com a felicidade momentânea que me darias, e quebrar-se ia com todas as tuas idas, com a dor do abandono do teu cheiro, do teu toque nas minhas veias. E sabes que prometi que te deixava naquela noite? Não consegui. Gritei comigo mesma, rasguei loucamente tudo que me prendia ao vício e fui incapaz de destruir, mesmo depois de toda a dor, o meu pobre coração, que é o que tem mais necessidade de ti. E partirei para longe, não hoje, mas um dia, para me esquecer das seringas que me esperam dentro da gaveta em que eu guardo a esperança da alegria criada pelo olhar do diabo, pela felicidade ilusória em que me perco, quando permaneces no meu sangue, nas minhas veias, no meu olhar em forma de lágrimas que de forma tao vazia escondo até ficar só. E se um dia eu te pedir para voltares? Para me intoxicares pela última vez, mesmo sabendo que serás a minha morte, mesmo sabendo que a minha desgraça te pertence. Mesmo sabendo que juntas o mundo vai quebrar-se em cada lugar onde o que está correcto habita. E a cada batida do coração sentirei a tua falta quando não estas, e sentirei falta da tua presença nas minhas veias. A desintoxicação parece cada vez mais longe, enquanto te desejo cada vez mais, enquanto a beleza da felicidade longe de ti se desvanece, enquanto o mundo grita para mim a mentira de seres o mundo em lugar dos belos espaços verdes existentes.

E quando acordo desse estado drogado, sinto a tua falta. Levanto-me e sorrio tristemente. Continuo a viver sem ti, incompleta e nas sombras. Sinto falta da felicidade mas mesmo assim vivo. Às vezes respirar é a única coisa que posso fazer, enquanto liberto os meus pensamentos e os guardo no paraíso onde outrora morri. E finalmente sei que foste embora de mim, mesmo permanecendo em mim em sonhos.



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

∂яσgα ρєѕѕσαℓ - α ℓσυcυяα ll


(…) E como uma drogada ansiosa pela próxima dose, injectei a minha droga pessoal no meu sistema, sem sequer me preocupar com a dor que a agulha causava ao ser retirada. Deuses, como doía. E eu voltava sempre a busca-la, tudo em prol da felicidade momentânea que tanto me aprazia ter. E toda essa droga dirigia-se para o meu coração. Tinha sido sempre lá que a dor vivera, que a droga se alimentara de mim, se aprofundara no meu ser de modo tão profundo que eu mal sabia onde ela acabava e começava o verdadeiro eu. E a droga flui carinhosamente pelas minhas veias, como uma carícia, tentando de todas as maneiras controlar o que um dia eu fui. Oh minha droga predilecta, como me deixaste viciada em ti, em tão pouco tempo… E tempo sem ti não é tempo, vida sem ti não é vida. E desejo casa vez mais a tua presença em mim. Mas… chegou o tempo da desintoxicação. O tempo de extrair cada pingo desta droga de dentro de mim. Chegou o tempo de fechar o passado, de abrir o presente ao futuro. Meu vício, minha droga, sentirei a tua falta. Oh e que falta me farás! Momentaneamente, tudo parecerá bem mas depressa sentirei o vazio em teu lugar. Droga, minha doce droga, minha intoxicação, meu prazer pessoal, fogo que arde nas minhas veias, sei admitir quando um fim chega, e o meu chegou. E todas as injecções desaparecerão, deitá-las-ei no lixo antes mesmo de sentir o toque frio do metal contra a minha pele. Doce, doce, doce droga que alimentaste o meu coração de esperança e o deixaste vazio. Deixaste-o vazio para ser preenchido com quê? Ar? Não sei o que meter em teu lugar, no lugar onde mais nada existiu. Oh, o gosto de te sentir nas minhas veias, fria, implacável, sombria, com tudo o que contigo vinha. A desintoxicação não vai ser leve, minha companheira de veia, minha invasão do coração. Parte de mim estará sempre contigo, mesmo depois de todas as lágrimas de necessidade que me fizeste passar, mesmo depois das noites de delírio insano em que me deixavas consciente da tua presença em mim, com tuas asas negras ao vento. Minha doce droga, aroma da minha alma, sopro do meu coração, vida jogada ao lixo, desperdiçada em vão. E se eu te pedisse para não me deixares ir? Entrarias pelas minhas veias de modo diferente? Não me farias ter saudades da doçura do metal? Já não sei o que é estar limpo, livre, ansiosa por viver. Prendeste-me a ti, indubitavelmente para a eternidade. Cada litro do meu sangue vem com parte de ti, parte do que me fazes ver, sentir, cheirar, querer. Tudo em mim és tu e tudo em mim é um sofrimento prazenteiro desde que existes. Tudo em mim não é mar, sol e terra. É chão, água da torneira e luz do candeeiro fraca, oh linda droga do meu sistema, bela invasão do meu respirar longo e profundo, visão do inferno na terra e do pecado no céu. Criadora de mundos sem fim, de canções de embalar, de vícios adicionais, de melodias silenciosas no fundo de um olhar. Parece incompreensível, minha cruz, meu sofrimento, meu prazer, minha alegria. E com doçura chamo por ti. E com lágrimas te deixo partir. E com um grito sufocado corro na direcção oposta para não te prender de novo a mim. E nesta cadência perfumada do ar, onde coexistimos juntas, minha droga, meu coração, estamos unidas pelo oceano, afastadas como o céu e a terra e tudo o resto á nossa volta pára. E o mundo quebrar-se-á quando tudo acabar. Mas hoje é tempo de me desintoxicar, de limpar o meu sangue de ti, que tão depressa correste pelas minhas células humanas de forma tão letal.
Dir-te-ei adeus de forma solene, enquanto me impeço de derramar lágrimas de apego e compaixão, enquanto me agarro ao mundo de forma cruel para não correr para ti de novo. Enquanto te dreno do meu sangue, destilando tudo o que há em mim, roubando-me a mim mesma sentimentos, lágrimas, sorrisos o calor, o frio, a manhã e a noite. Meu coração, tão drogado e tão perdido de sanidade gemerá por tu até ao fim dos seus dias. E eu não voltarei para o vício, não posso, não devo. Vou acorrentar-me a uma cadeira, a uma cama, a todo e qualquer mobiliário para não te perseguir, para não te desejar no meu sangue de novo. Para não te abraçar nas minhas veias, para te soltar do meu coração. Doce droga, deixar-te-ei esta noite, com tudo a que tenho direito. Descreverei sempre a minha experiencia contigo como uma fase negra do capuchinho vermelho no bosque escondido. Eu sei que nada disto faz sentido. Mas porque faria, se ainda bates no meu peito? Se ainda tenho restos de ti no meu sangue, se tenho a tua marca tatuada nos meus olhos, se ainda sinto o metal frio nas minhas mãos. E lembro-me do sangue que escorreu quando apunhalei meu coração de cima a baixo, de maneira cruel e quase satânica, enquanto me deliciava contigo em meu pensamento. Enquanto delirava com o teu odor abraçada á minha almofada, sentindo o teu calor nos meus sonhos, a tal alma na minha mente, que me amordaçava os sentimentos, que quebrava as tentativas de alcance da paz- Doce droga, doce tentação, doce pecado da minha vida, sentida em cada batida do meu coração, em cada conto da minha alma, em casa lágrima, em casa riso, em casa vez que menti com o olhar e o riso, tentando esconder o que tanto me consome por dentro, o que tanto me conduz á insanidade, contigo misturada dentro de mim como uma poção inacabável. Como uma reserva inesgotável de prazer, dor, solidão, companhia, alegria, tristeza, maldade, bondade, e tudo o que mais viesse, tao perto do meu coração como se fosse eu mesma. Oh minha loucura tao pura, tão adorada, tao inculpável, tão generosa para comigo, que espero que afastes a droga pura de mim, o sabor da alegria do meu ser. E tudo o resto. Põe-me num estado de dormência seguro, te peço solenemente com a dor banhada em meu coração que me adormeças de novo, para que possa perdoar, esquecer, paralisar uma vida que não quero ter. Adormece o meu lado que mora com esse anjo cruel, com essa alma doente e sombria, que descobre os meus sonhos e os desfaz contra uma parede invisível que causa sofrimento e dor no peito, que me admite como uma drogada incurável, em que a droga nas minhas veias é compartilhada e vendida e quase quebrada entre sentimentos confusos escritos por uma alma morta em si mesma. E a canção que todos não conhecem grita no meu coração a pura verdade que a alma não aceita como sua. E tudo pára nos poucos segundos em que a sanidade volta ao meu coração. A insanidade leva á perdição, á terra do pecado onde só entra quem provou a droga tão indigna que tocou o meu coração, que conduziu as minhas veias á perdição do vazio. E quando a desintoxicação começa, meu bem, meu anjo, meu coração gelado, todas as estrelas se perdem e ganham e fogem da razão de viver da pobre alma sofrida que compartilha o espaço lunar com a minha própria alma. A desintoxicação é o que mais custa, é o que mais dói no fundo da alma, do espírito, do que me une a mim mesma. Do que é contido no mais profundo segredo das minhas veias. E as vozes acalmam o silêncio, as vozes suspirantes que não destroem o mal mas que o alimentam a cada dia que passa. Desintoxicação, a palavra-chave a partir do momento em que tudo se quebrou, a partir do momento em que o reino caiu, a partir do segundo racional em que um coração outrora quebrado e colado se voltou a quebrar. A partir do momento em que a droga consumiu as aurículas, os ventrículos e aos poucos tomou conta de mim, que aos poucos me conduziu ao descalabro, á perdição tentada de vida outrora exacta e agora misturada entre tantas outras como fio de lã no meio de uma confusão de novelos simetricamente iguais, mas tão diferentes como a luz e a escuridão. E arrancar-te-ei do meu peito, gritarei vitoria perante a destruição de tudo o que nos une, perante a quebra da ligação sombria que nos causa arrepio quando tu, droga insana, tocas no meu coração, tocas a minha alma ao mesmo tempo, e me deixas numa espiral profunda de dor que torna a vida tao bela mas ao mesmo tempo tao escura e irreal como no momento em que me tocaste a alma pela primeira vez. E a vida continuará sem ti, mas quase imposta, quase obrigada a continuar a ser contada e tao inábil como uma criança de 3 anos á frente de um modelo de construção da torre Eiffel para maiores de 16. E saberei quando estiveres perto de mim, quando sentir o teu cheiro no ar, quando tiver de novo a vontade imediata do metal frio na minha pele, furando-a, passando através dele num sentimento de ganho tao sujo, como roubo de um mundo, como roubo de uma vida alheia, quebrada e roubada, destruída e alienada. E tudo se tornará claro, mais tarde, depois de longa reflexão sobre todo o pecado cometido a casa injecção, o murmúrio de prazer a casa batida cardíaca quase pecaminosa, num espelho da irrealidade confusa em que vivemos, á beira desse penhasco sísmico irregular em que poderemos cair de um momento para o outro, tendo a tentação ao nosso lado, pesando em nossas costas como um rochedo. E sei que inutilizada também sofres de igual modo, também te conduzes á evaporação, também te eliminas a ti mesma, roubando ao tempo a vontade pura e impregnando o ar com o odor conducente ao desespero celestial em que a alma é torturada e o espirito vendido ao diabo e clausurado nele. E a canção, oh, a melodia pura. Anjo da minha alma, perda de tempo raciona quase utilizado para um desperdício que vai ser destilado do meu sangue. E todos os sentimentos alterados voltarão ao normal. O sangue voltará a correr livre, sem a droga misturada, sem a poção insanamente dominante, sem o pedaço que completa o pobre coração, perdida em memórias antigas mas com o sangue a correr. Deixar-te-ei, minha droga, meu coração, sem me despedir. Sem dizer adeus, sem um ponto final tão pedido mas ineficiente na probabilidade elevada da existência de uma recaída profunda. E a sanidade acabara por voltar, não completa mas parcialmente e toda a corrida terá um propósito, uma meta a atingir. O tempo contará de novo, com segundos retirados, aqueles em que me agarro às memórias desviantes em que a minha droga e eu tantas vezes nos unimos. Cada acordar vai ser diferente, com um sorriso, com uma lembrança quase vazia. Com um frio na mente de onde a droga foi lavada, de onde quase foi arrancada com a ferocidade tão característica da perda, com o brilho no olhar que luta pela contenção das lágrimas, com o controle do peito que teima em quebrar-se longe dos olhos de todos.
Droga, eu te conheci, eu te li, eu te escrevi em mim inúmeras vezes. E tudo de ti ficou escrito em mim, como tinta permanente, e gravado no meu coração como uma tatuagem irreal e complexa, em raios eléctricos sem dor e dolorosos ao mesmo tempo. Quis-te comigo, agora tenho de te largar. De deixar ir o vicio, de te lavar de mim… Chegou a hora minha droga, meu calor interno que perco á medida que respiro….


“ E o para sempre não existirá enquanto tudo muda na nossa realidade tão vazia e cheia e tão preenchente da alma vazia. Até um dia minha droga, ver-nos-emos quando tudo terminar.”


wєℓcσмє*

Em primeiro lugar, queria agradecer à pessoa que me aconselhou a fazer um blog. Ela teve das reacções mais bonitas à minha escrita, e isso contou muito para mim. Basicamente vou escrever textos (enormes e pequenos) por aqui . Espero sinceramente que gostem.
Se este blog existe é por tua causa, adoro-te Mary  ♥ 
(E também adoro a minha Jo que me deu na cabeça um milhão de vezes por eu não fazer um blog, ainda não vivia para contar esta história xD Love You! )


Ora então...

The Last Drug in Paradise : Do português  "A última droga no paraíso" . Blog de textos, crónicas, até alguém se fartar de ler isto e eu ficar a publicar para o boneco :p  É também um espaço de partilha emocional e que serve basicamente para mostrar ao mundo os sentimentos de uma pequena pessoa que habita no mesmo mundo que tantas outras, mas que é singular por si só.