«March, 12. - E um dia talvez repares que não estou mais aqui. E aí vais
perguntar-te onde estou. Vais ter saudades de quem fui, e vais arrepender-te.
Mas eu não pude esperar pelo teu arrependimento. Nem que dissesses que
lamentavas. Não pude continuar na ilusão que um dia abririas os olhos. Porque
não era o que me competia. Não era esperar. Porque, esperar por ti era como
esperar pela chuva. Uma completa perda de tempo. E como vês, na verdade,
continuo a escrever sobre ti. Talvez para aprenderes. Talvez para partires. Talvez
porque é uma lição.»
Today - Mas principalmente, porque tenho medo que me aconteça o
mesmo de novo. Que mais ninguém lamente. Que eu perdoe, perdoe, e perdoe de
novo, e tudo acabe exactamente da mesma maneira. Tenho medo porque,
substancialmente não me posso dar ao luxo de confiar. E isso mata-me. Pedaço a
pedaço. Achas que acredito que vai ser tudo um mar de rosas, e que vai ser como
nos filmes na Disney, e no feliz para sempre? Não. Acredita, não sou o tipo de
pessoa que se possa dar ao luxo de acreditar nisso. E a culpa talvez não seja
tua, talvez seja minha. Talvez eu tenha dado demais. Talvez eu não consiga ver
mais nada senão as coisas más. Mas há coisas das quais eu não tenho culpa. Da
dor. Dos pedaços partidos. Das conversas que tanto disseram sem nada se ouvir.
Disso, nada tenho culpa. Disso, nada me arrependo. E por mais que isso seja o
pior de tudo, é impossível me arrepender de algo assim, porque fez de mim o que
sou. Fez de mim a pessoa que tem medo. E sabes, nem tenho problema em dizer que
tenho medo. Faz de mim humana. E a nossa humanidade é o que nos define a todos.
E sabes o medo? Um dia ele vai desaparecer. Assim como tudo
o resto desapareceu quando eu precisei que desaparecesse. Assim como eu pedi
para que tudo mudasse e tudo mudou. E foi devagar, progressivo. Para habituar
todas as moléculas do meu corpo á ausência. Para habituar todas as partículas
do meu coração à liberdade. E tudo isso custou, mas tudo isso me fez viver.
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