Chegará um dia em que te habituarás á minha ausência por
breves minutos. Depois, esses minutos vão passar a ser horas. Essas pequenas
horas transformar-se-ão em dias, que pouco a pouco formarão semanas. E,
inevitavelmente, essas semanas farão um mês que levará a outros meses. Chegará
o momento em que te vais esquecer do meu riso e do som da minha voz. Pouco a
pouco, vais esquecer as coisas que me faziam rir, o pouco que sabias sobre mim.
A isso, seguir-se-á a minha morada, a minha idade, o meu nome. Tornar-me-ei
numa lembrança tão vã que não terás mais nada do que te lembrar. Alguém te
falará de mim, e tu simplesmente agirás como se nunca me tivesses conhecido.
Todos os dias, eu sentirei a tua falta. Contarei os segundos sem ti e com eles
farei um livro. Lembrar-me-ei dos nossos segredos, das nossas promessas, não
interferindo na tua vida para que me esqueças ainda mais. Vou lembrar-me de
cada palavra, de cada frase, de cada suspiro. Vou lembrar-me de ti a cada dia
da minha curta vida. E, no entanto, agirei para que não te lembres de mim. Vou
ver-te ser feliz, construir uma vida nova ao lado de alguém, enquanto eu vou
guardar as minhas lágrimas para mim. Vou sair dos teus sonhos e ela irá
preenchê-los por mim. Ela irá dar-te o que eu não te pude dar. Quando te
habituares completamente á minha ausência, quererei desaparecer de verdade.
Quererei construir algo novo, sem ti. E vai custar-me tudo, tal como eu sempre
soube que custaria. Nesse dia, o arco-íris irá desaparecer para mim, e eu
saberei que me esqueceste.
E tentarei desaparecer. E quando o tentar fazer, não me
deixes. Abraça-me, chama-me de tonta, ri-te da minha teimosia. Diz que me amas.
Porque se me amares, não terei de te deixar ir, porque aí eu serei o melhor
para ti, e tu o melhor para mim.
Sê meu, e eu serei tua.
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