sábado, 2 de junho de 2012



Já desejei ser dona do mundo. Olhar e ver acontecer, sentir no meu coração o bem, o amor, tudo de bom. Também desejei o que não podia ter. Erro, maldição, coisas fúteis, não interessa. Olho pela janela e vejo um novo amanhã. Se tu existes, eu existirei, e nós existiremos, num mundo. Esse mundo, que não é teu nem meu, será nosso, apenas para o podermos guardar. Quando achamos que a vida já não vale nada, caminhamos entre a erva e achamos uma flor. Olhamos vagamente para as nuvens e vemos o brilho do sol entre elas. Em tudo, há esperança. Se deixarmos de acreditar, para quê viver? Para quê deixar-nos condenar, para quê deixar bater um coração vazio, que nada preenche, em que nada vive. Um coração que quase não bate, apenas o faz por hábito. Que pode ter sido partido tantas vezes que pode já não voltar a bater na próxima. Quando isto acontece, usamos cola. Achamos que a cola vai durar sempre, que seremos sempre fortes , que nada nos derrubará. Doces mentiras, doces enganos. Tecemos uma teia, onde a felicidade morre a cada dia pelo engano. Pela mágoa. Vivemos algo que não é nosso. Quando isso acaba, o que podemos ter? Olhamos para tudo e vemos que não lutámos. Preferimos, viver, essa doce ilusão, e não olhar para trás. Afinal, quando a vida nos oferece uma chance de sorrir, a primeira coisa que fazemos é aceitá-la , mesmo sem saber que é real, que é nossa, que tem o nosso nome escrito a caneta de acetato, daquelas que não se podem tirar.

Ás vezes achamos que tudo é para sempre. Ás vezes, não é. Ás vezes encontramos o nosso destino ao virar da esquina e uma simples frase pode mudar tudo, desde que signifique algo, que seja sincera, que venha misturado com um cheiro a sinceridade, como cheiro a chocolate. Aceitas a mudança. És abençoada. Rejeita-la. Perdes tudo. Quando te dão algo, quando a vida te dá algo, não podes desperdiçar. Primeiro, tem de ser real, depois, fica para sempre.

E assim, há a sobrevivência. Vencer os demónios, superar o medo. O medo que tanto destrói e tanto condena. Tirar o peso de cima das costas, o peso que antigamente tanto torturava, o peso que um dia foi o criador de todo o tipo de desgraça. O peso que, acabou por desaparecer, pedaço a pedaço, pedaços esses que eu partilhava com a alegria de tentar ter o que nunca poderia ter. Alegria essa que se tornou na minha maior desgraça. E tudo isso desapareceu. E não voltou mais.



 

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