terça-feira, 24 de julho de 2012

ηãσ τє cσηнєçσ...


Não te conheço.
Apenas sei o teu nome, assim como tu sabes o meu.
Nenhum de nós se conhece.
Nunca senti o calor do teu abraço ou o teu cheiro. Nunca te vi, nunca te toquei. Nunca me viste, não sabes o som da minha voz nem a cor exacta dos meus olhos.
O mais incrível é a maneira estúpida em como eu ainda olho para todo o lado à tua espera. À tua procura. Porque incrivelmente ainda tenho esperança. Esperança essa que diminui de dia para dia, até , num certo momento nesta cronologia, já nada restar.
Nunca me viste sorrir, nunca te vi caminhar.
Estou ciente da tua existência, da tua presença muda que partilhas comigo por breves momentos na tua mente. Então finges que nada muda. E eu finjo que para mim tudo é igual.
Ambos construímos uma vida baseada em sonhos vazios. Em escombros do passado, teus e meus. E ás vezes penso em nós, sabes? Vejo-nos sentados no meu sofá, a rir. Vejo-nos juntos a passear. Vejo-te antes de fechar os olhos quando adormeço. Por breves segundos, gosto de fingir que lá estás a abraçar-me. Impede que eu me sinta tão só, tão vazia, no único momento que tenho só para mim. No entanto, sei que não é real… Sei que somos existências separadas, na ilusão de um para sempre que nunca chegará. O mundo não nos conhece aos dois e não somos donos de nada. Estamos separados por montes, vales, estrelas e casas. Quilómetros, milhas, metros, horas de viagem.

Não me conheces. Eu não te conheço.
E talvez nunca venhamos a conhecer-nos.

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