Às vezes é difícil admitir os erros quando os cometemos e, embora tenhas
sido um erro, foste um erro feliz. Um erro que me trouxe alegria, que me fez
sorrir, que tornou ainda melhor uma semana especial. Às vezes o que nos marca não são as pessoas,
são os momentos que essas pessoas nos fazem viver. E talvez nunca tenha pensado
bem no assunto, mas aquela noite de conversa marcou uma das semanas mais especiais
da minha vida. Porque eu estava num lugar novo, com pessoas novas, e tu fizeste
o “ouro sobre azul”. Não espero que volte a acontecer de novo, mas de quando em
vez, como esta manhã ouço a tua voz na minha cabeça, ainda meio distorcida pelo
meu estado ébrio. Ouço a felicidade nas minhas veias, e o quanto esse momento
contou para mim. Mas mais nada foi que isso, um momento. Algo especial que
aconteceu e que não se vai repetir. Porque na vida os melhores momentos são
aqueles que não se podem repetir, que apenas decorrem naquele replay mental que
tantas vezes fazemos.
São aqueles momentos que nos fazem rir quando estamos
tristes, mas que também podem diminuir a nossa felicidade quando ela nos
ultrapassa. Talvez não consiga esquecer porque, por mais acções más que eu
tome, ainda ouço a tua voz na minha cabeça a avisar-me e a aconselhar-me.
Talvez seja por isso que me dá tanto gosto errar. Porque talvez vá contra os
teus conselhos, que, apesar de certos, já nada valem para mim. Talvez seja por
voltar tantas vezes aquela noite que ela já perdeu parte do seu brilho
especial. Pela análise, pelo arrependimento, por querer mudar a magia nessa
noite. Por querer que não estivesse tanto calor, por querer um estado menos
feliz e mais capaz de analisar as tuas palavras. Por desejar um raciocínio
rápido e calculista, quando tudo o que tinha de momento era uma vontade enorme
de rir e uma vontade igualmente enorme de te abraçar. Não posso esperar que me
entendas, não posso esperar que voltes. Posso apenas garantir que, embora não
tenha esquecido, sei perfeitamente o que a tua presença implicaria no momento presente. Dor,
sofrimento, pensamento calculista e cruel. Está misturado nas coisas boas,
agradáveis, completas, mas está lá. E não muda. Mas aparentemente, mesmo
continuando a cometer o mesmo desagradável mas prazenteiro erro, mudei. Mudei
porque se me tivessem dado oportunidade, o meu eu anterior voltaria aquela
noite sem pestanejar, enquanto eu hoje viraria costas orgulhosamente. Porque o
orgulho é maior que tudo, possivelmente maior que o amor. E tem vezes em que apenas a análise fria das coisas bonitas nos salva, porque nos faz cair na invariável realidade de que tudo tem um fim. Nada dura para sempre, nada é infinito. Tudo perece, tudo termina. Tudo evolui, tudo cresce.
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