terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

αll oνєя αgαιη


E encontro-me aqui, só mas tão acompanhada, e sinto-me abraçada pelo teu calor que mesmo à distância me embala, me acorda, me adormece. Ainda sinto o teu cheiro dentro dos meus pulmões, cantando à minha alma a quem ela pertence. E corres novamente veloz pelas minhas veias, drogando-me de novo como se isso nunca acabasse. Como se o sentimento nunca fosse terminar, como se todas as minhas tentativas de pôr um ponto final no vício fossem em vão. Seria sempre em vão. Posso correr, posso lutar, mas nunca me vou conseguir arrancar dos teus braços, da droga proibida que tem acesso ao paraíso onde tudo se completa e o que é correcto se destrói. E onde não foste embora, e onde ficaste comigo. Onde toas as palavras foram escritas e guardadas, e eu tentei queimar todos os cadernos onde tu estavas, e onde um anjo me impediu de o fazer. E esse anjo tinha asas negras, mas mesmo assim segui a sua voz. E acreditei que voltarias, e que me abraçarias de novo. Sonhei talvez, que se voltasse a sentir o teu toque magnetizante, tudo ficaria bem. Se eu voltasse a drogar-me, a deitar fora o correcto, a injectar-te dentro de mim com tantas seringas que as minhas veias seriam intoxicadas por ti, até o meu coração finalmente gelar com tanta droga. Gelava mas permaneceria alegre, iludir-se-ia com a felicidade momentânea que me darias, e quebrar-se ia com todas as tuas idas, com a dor do abandono do teu cheiro, do teu toque nas minhas veias. E sabes que prometi que te deixava naquela noite? Não consegui. Gritei comigo mesma, rasguei loucamente tudo que me prendia ao vício e fui incapaz de destruir, mesmo depois de toda a dor, o meu pobre coração, que é o que tem mais necessidade de ti. E partirei para longe, não hoje, mas um dia, para me esquecer das seringas que me esperam dentro da gaveta em que eu guardo a esperança da alegria criada pelo olhar do diabo, pela felicidade ilusória em que me perco, quando permaneces no meu sangue, nas minhas veias, no meu olhar em forma de lágrimas que de forma tao vazia escondo até ficar só. E se um dia eu te pedir para voltares? Para me intoxicares pela última vez, mesmo sabendo que serás a minha morte, mesmo sabendo que a minha desgraça te pertence. Mesmo sabendo que juntas o mundo vai quebrar-se em cada lugar onde o que está correcto habita. E a cada batida do coração sentirei a tua falta quando não estas, e sentirei falta da tua presença nas minhas veias. A desintoxicação parece cada vez mais longe, enquanto te desejo cada vez mais, enquanto a beleza da felicidade longe de ti se desvanece, enquanto o mundo grita para mim a mentira de seres o mundo em lugar dos belos espaços verdes existentes.

E quando acordo desse estado drogado, sinto a tua falta. Levanto-me e sorrio tristemente. Continuo a viver sem ti, incompleta e nas sombras. Sinto falta da felicidade mas mesmo assim vivo. Às vezes respirar é a única coisa que posso fazer, enquanto liberto os meus pensamentos e os guardo no paraíso onde outrora morri. E finalmente sei que foste embora de mim, mesmo permanecendo em mim em sonhos.



2 comentários:

Luna S. Mars disse...

Lindo como sempre :D

Rowenna* disse...

Merci <3

Enviar um comentário